Nietzsche e o “homem teórico”
Sócrates iniciou a época da razão e do homem teórico, em contraste com o místico de toda a tradição antiga da época da tragédia.
A tragédia grega tinha o saber místico que une a vida e a morte para a compreensão do mundo.
Porém para Sócrates, a tragédia desvia o homem do caminho da verdade: "uma obra só é bela se obedecer à razão".
Esse ideal concebido por Sócrates seria o verdadeiro mundo, alem do mundo aparente, inacessível ao conhecimento.
Isso originou uma oposição entre Sócrates e Dionisio ...
"enquanto
em todos os homens produtivos o instinto é uma força afirmativa e
criadora, e a consciência uma força crítica e negativa, em Sócrates o
instinto torna-se crítico e a consciência criadora".
disse Nietzsche.
Essa “inversão” terá seguidores no futuro...
Com
Socrates, e depois Platão, o homem se afasta cada vez mais do
conhecimento antigo e abandona a tragédia - a verdadeira natureza da
realidade !
Até, infelizmente, chegar ao marxismo, que ignora a realidade por completo.
O ódio marxista contra Nietzsche
Os marxistas atuais tentam de todas as formas denegrir Nietzsche, até tentaram ligá-lo ao nazismo.
De onde vem esse ódio marxista ?
Esse ódio vem dos seguintes comentários de Nietzsche:
"O
socialismo é o fantasioso irmão mais jovem do quase decrépito
despotismo, do qual quer herdar; suas aspirações, são, portanto, no
sentido mais profundo, reacionárias. Pois ele deseja uma plenitude de
poder estatal como só a teve alguma vez o despotismo, e até mesmo supera
todo o passado por aspirar ao aniquilamento formal do indivíduo: o qual
lhe aparece como um injustificado luxo da natureza e deve ser
transformado e melhorado por ele em um órgão da comunidade adequado a
seus fins.
Em virtude de seu parentesco, ele aparece sempre na
proximidade de todos os excessivos desdobramentos de potência, como o
antigo socialista típico, Platão, na corte do tirano siciliano: ele
deseja (e propicia sob certas cirscunstâncias) o Estado ditatorial
cesáreo deste século, porque, como foi dito, quer ser seu herdeiro.
Mas
mesmo essa herança não bastaria para seus fins, ele precisa de mais
servil submissão de todos os cidadãos ao Estado incondicionado como
nunca existiu algo igual; e como nem sequer pode contar mais com a
antiga piedade religiosa para com o Estado, mas antes, sem querer, tem
de trabalhar constantemente por sua eliminação – a saber, porque
trabalha pela eliminação de todos os Estados vigentes -, só pode ter
esperança de existência, aqui e ali, por tempos curtos, através do
extremo terrorismo.
Por isso prepara-se em surdina para dominar pelo
pavor e inculca nas massas semicultas a palavra ‘justiça’ como um prego
na cabeça, para despojá-las totalmente de seu entendimento (depois que
esse entendimento já sofreu muito através da semicultura) e criar nelas,
para o mau jogo que devem jogar, uma boa consciência.
O socialismo
pode servir para ensinar, bem brutal e impositivamente, o perigo de
todos os acúmulos de poder estatal e, nessa medida, infundir
desconfiança diante do próprio Estado.
Quando sua voz rouca se junta
ao grito de guerra ‘o máximo possível de Estado’, este, em um primeiro
momento, se torna mais ruidoso que nunca. Porém logo irrompe também o
oposto, com força ainda maior: ‘o mínimo possível de Estado’.
(Friedrich Nietzsche, "Humano, demasiado humano")
"Os perigosos entre os subversivos.
-
Podemos dividir os que pretendem uma subversão da sociedade entre
aqueles que desejam alcançar algo para si e aqueles que o desejam para
seus filhos e netos.
Esses últimos são os mais perigosos; porque têm a fé e a boa consciência do desinteresse.
Os demais podem ser contentados com um osso: a sociedade dominante é rica e inteligente o bastante para isso.
O
perigo começa quando os objetivos se tornam impessoais; os
revolucionários movidos por interesse impessoal podem considerar todos
os defensores da ordem vigente como pessoalmente interessados,
sentindo-se então superiores a eles."
(Friedrich Nietzsche, "Humano, demasiado humano")
"Uma ilusão na doutrina da subversão.
Há
visionários políticos e sociais que com eloquência e fogosidade pedem a
subversão de toda ordem, na crença de que logo em seguida o mais altivo
templo da bela humanidade se erguerá por si só.
Nestes sonhos
perigosos ainda ecoa a superstição de Rousseau, que acredita numa
miraculosa, primordial, mas, digamos, soterrada bondade da natureza
humana, e que culpa por esse soterramento as instituições da cultura, na
forma de sociedade, Estado, educação.
Infelizmente aprendemos, com a
história, que toda subversão desse tipo traz a ressurreição das mais
selvagens energias, dos terrores e excessos das mais remotas épocas, há
muito tempo sepultados: e que, portanto, uma subversão pode ser fonte de
energia numa humanidade cansada, mas nunca é organizadora, arquiteta,
artista, aperfeiçoadora da natureza humana.
- Não foi a natureza
moderada de Voltaire, com seu pendor a ordenar, purificar e modificar,
mas sim as apaixonadas tolices e meias verdades de Rousseau que
despertaram o espírito otimista da Revolução, contra o qual eu grito:
"Ecrasez l'infâme [Esmaguem o infame]!.
Graças a ele o espírito do
Iluminismo e da progressiva evolução foi por muito tempo afugentado:
vejamos - cada qual dentro de si - se é possível chamá-lo de volta!" <
(Friedrich Nietzsche, "Humano, demasiado humano")
Essa é a sabedoria de Nietzsche que dá calafrios nos marxistas...
Sobre o "superhomem"
Dominados pelo ódio os marxistas tentam dizer que o "super-homem" nazista veio de Nietzsche.
Isto é uma mentira.
Nietzsche jamais pensou em algo material racista em suas obras.
Em
seu livro "Also sprach Zarathustra" Nietzsche usa a palavra alemã
"Übermensch", que quer dizer literalmente "Além-do-humano" e não "super
homem"
O prefixo alemão "Über", significa "sobre", "alem", "adiante". e não "super".
“mensch”, em alemão, é termo neutro, e se refere a “ser humano”, enquanto apenas “mann”, ai sim, significa “homem”.
Tradutores
incompetentes traduziram de forma errada a palavra "Übermensch" como
sendo "super-homem", mas o texto de Nietzsche que colocado a seguir,
mostra que o significado foi outro.
"O ser humano é uma corda, uma corda estendida entre os animais e o alem-do-humano, uma corda sobre um abismo."
Em alemão:
"Der Mensch ist ein Seil, geknüpft zwischen Tier und Übermensch - ein Seil über einem Abgrund."
[Zarathustra I, Vorrede 4]
Vejam
que Nietzsche nesta frase também usa a palavra "über" sozinha, e ai
vemos claramente que tal palavra não significa "super", mas sim "sobre"
(uma corda sobre um abismo).
Também temos outro exemplo do significado do prefixo "über" no Hino Nacional Alemão:
"Deutschland, Deutschland über alles
Über alles in der Welt"
"Alemanha, Alemanha acima (sobre) de tudo
Acima (sobre) de tudo no mundo"
O
significado que Nietzsche deu para a palavra "Übermensch" é a de que
existirá mais a frente, milhares de anos com certeza, um animal que não
será mais nem animal nem humano, será um animal que estará alem disso -
alem-do-ser-humano.
***
O título do blog é bem sugestivo, aqui podemos encontrar comentários sobre temas políticos, sociais, históricos, artísticos, científicos, do dia a dia na imprensa e das pessoas, etc. A diferença aqui é na abordagem dos assuntos, procura-se descobrir a real intenção dos acontecimentos globais e locais.
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