31 de julho de 2012

As mentiras inventadas pelos "intelectuais" marxistas sobre a libertação dos escravos no EUA.

O marxismo na sua inutilidade procura desmerecer obras de valor feitas por outros, sobre a libertação dos escravos no EUA, a primeira vez que uma nação libertou os escravos no planeta (Northwest Ordinance, USA, 1782), eles dizem que os norte-americanos libertaram os escravos porque queriam consumidores ... “sem mercado consumidor o sistema não sobrevive...”, dizem.

É uma coisa torpe dizer isso ...
Alem de ser um profundo desconhecimento de história.

O mercado sempre existiu, com escravos e sem escravos, uma tolice supor que os escravos não participavam do mercado !
Os escravos comiam, bebiam, precisavam de roupas, sapatos, utensílios, e essas coisas eram compradas no mercado, com eles libertos, a mudança seria mínima pois até os escravos conseguirem evoluir socialmente demorariam várias gerações.
Alem disso, a escravidão existia apenas nos estados do sul do EUA.
Todos os estados do norte do EUA já haviam abolido a escravidão a tempos.


Os escravos participavam do mercado, precisavam de roupas, chapéus, sapatos, comida, tudo que é necessário para uma família sobreviver.


Apenas os estados do sul do EUA mantinham escravos antes da guerra civil norte-americana

Para o EUA não foram muitos negros, apenas os estados do sul tinham escravos, atualmente os negros no EUA não passam de 13% da população !

Fonte:
http://www.census.gov/prod/2003pubs/p20-541.pdf

A parte dos negros que ainda eram escravos era insignificante para o "mercado"...
Diferente do Brasil que tem mais de 50% de negros na sua população.
Apenas este fato refuta a mentira marxista.

A guerra civil americana foi travada porque após a independência os EUA começou a se expandir e a incorporar novos estados.
Foi estabelecido no Congresso que cada novo estado norte-americano seria, um sim, um não, a favor da escravidão (esse acordo ficou conhecido como "The Territorial Crisis").
Esse acordo durou um certo tempo até que foram criados dois estados seguidos onde não era permitido a escravidão.
Devido a isso os estados do sul se declararam independentes da União.
A guerra civil foi devido a isso, por isso a guerra se chamou “da Secessão” (separação).
Morreram mais de 700 mil norte-americanos na Guerra da Secessão, foi o conflito mais sangrento em que o povo norte-americano se envolveu.

Fonte:
American Civil War: Causes
http://militaryhistory.about.com/od/civilwar/a/CivilWarCauses.htm

Após o término da guerra, o presidente norte-americano, que era do Partido Republicano, Abraham Lincoln, decretou a libertação dos escravos em todo o EUA.
Cinco dias depois Lincoln foi assassinado por um ator teatral favorável a escravidão.

Fonte do texto da Proclamação:
The Emancipation Proclamation
January 1, 1863

http://www.archives.gov/exhibits/featured_documents/emancipation_proclamation/transcript.html

É uma ofensa a memória das pessoas que morreram nessa guerra, é uma ofensa a memória de Abraham Lincoln, é uma imoralidade típica dos seguidores de Karl Marx dizer que os norte-americanos fizeram tal guerra para aumentar os consumidores.
Coisa que só pode ser dita por gente muito ressentida por inveja e ódio.

Outra coisa que deve ser mencionada é que a KKK (Ku Klux Klan), a maior organização racista do EUA, era aliada do Partido Democrata.

Fontes:
Ku Klux Klan in Alabama from 1915-1930
http://www.encyclopediaofalabama.org/face/Article.jsp?id=h-3221
History Of The Ku Klux Klan
From The Colorado History Project

http://www.johnnyleeclary.com/files/page.php?p=21
Unknown History: The Real History of Civil Rights Movement
http://www.echoesofenoch.com/Civil_rights_history.htm

Outra mentira relacionada aos negros norte-americanos é dizerem que a libertação dos negros no EUA só foi “completamente” erradicada em 1967.
Dizem isso devido ao problema do voto negro.
Essa é outra manipulação mentirosa característica do marxismo.
A escravidão no EUA foi completamente erradicada após o término da Guerra da Secessão, quando foi também dado direito de voto aos negros como qualquer cidadão norte-americano.
Porém, igual em muitos outros países, inclusive no Brasil, o voto não era permitido para analfabetos, fossem eles brancos ou negros, essa lei já existia muito antes da libertação dos escravos.
Essa condição, saber ler e escrever, era usada – nos estados do sul do EUA – como motivo para evitar que negros analfabetos votassem.
Eram feitos testes para ver se eles sabiam escrever, como a maioria não sabia, eles não podiam votar, é claro que os negros que tinham estudo, votavam!
Este artifício foi usado até a década de 1960 quando ai foi eliminado o teste escrito para poder votar.
Essa é a verdade histórica e não a insinuação maldosa que é feita.

Fonte para leitura:
South Carolina African Americans – Major Events in Reconstruction Politics

http://www.sciway.net/afam/reconstruction/majorevents.html

Uma diferença fundamental entre o racismo no EUA e o racismo nos países latinos, Brasil inclusive, é que no EUA o racismo foi declarado, e o racismo dos latinos é mascarado.

O racismo no sul do EUA existiu e talvez exista até hoje, mas, o governo norte-americano sempre cumpriu a lei, e o ensino foi uma coisa que o governo norte-americano determinou que seria dado igualmente a brancos e negros.
Enquanto os negros no Brasil eram ainda escravos, os negros no EUA já tinham universidades só para eles !
Com isso os negros no EUA adquiriram cultura e conhecimentos e se espalharam por todos os setores da sociedade americana.
Não existe nenhuma nação de maioria negra no mundo onde os negros vivam melhor do que no EUA, o padrão de vida dos negros norte-americanos é melhor do que o de muitos brancos latinos.

Dois presidentes norte-americanos foram assassinados porque se puseram contra o racismo e a favor da liberdade e da democracia, é uma coisa baixa atribuir a nação norte-americana o que apenas uma pequena parte do povo norte-americano praticou.


***

29 de julho de 2012

Sobre a demência de marxistas; minha opinião pessoal e a opinião de grandes pensadores.

Todas as vezes que aparece um marxista na comunidade do ORKUT "Marx é inquestionável ?!" eu reforço o meu conceito sobre eles - são doentes mentais.
Esse conceito é baseado na minha experiência pessoal com eles de 8 anos e nas avaliações feitas sobre eles por pessoas de grande peso intelectual como Voegelin, Von Böhm-Bawerk, Popper, Nietzsche, Freud, Hayek, Mises, Aron, Nozick, dentre outros, das quais peguei os conceitos que se unem entorno de um ponto comum para explicar a natureza psíquico-neurótica do comportamento de marxistas.
Vou colocar no final do meu texto as palavras desses pensadores para leitura.

Vou relatar a seguir o que ocorreu com a visita do último marxista a comunidade do ORKUT "Marx é inquestionável ?!":

http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=47930640

Um membro da comunidade criou um tópico com a pergunta:

"Quando o Brasil quebra?
Alguém arrisca?"


Um marxista recém chegado a comunidade escreveu em seguida:

"Aconteceu na Grécia, está acontecendo...
Vai ocorrer na África, um pouco mais tarde...
Quase ocorreu no Brasil...E logo, logo vai ocorrer..."Quando o povo acordar,claro!"
Temo em dizer isso: Mas acho que o comunismo vai ganhar."


Eu escrevi o seguinte em resposta ao tópico:

Se não existisse a Petrobras o Brasil já estaria falido.
A dívida pública já está em 2 trilhões de reais, corresponde a 50% do PIB de 2011, é impagável.
Para pagar os juros dessa dívida aos bancos, que gira em torno de 250 bilhões de reais, o governo cobra impostos que são 40% do PIB.
Estes são dados catastróficos.
Se o governo não tivesse os enormes rendimentos que a Petrobras propicia, ele já estaria falido a muito tempo, mas eles existem, até quando essa situação vai durar é difícil saber, mas uma coisa é certa, essa situação é apenas a bola da vez que a elite que domina o Brasil desde o império está usando atualmente,, no ciclo anterior foi a inflação de 3 dígitos que durou 30 anos, quando chegar a um ponto crítico eles viram a mesa e criam uma nova situação.
Então, o Brasil nunca irá falir, pois está situação está sob pleno controle da elite brasileira."


E no mesmo post eu também falei algo sobre o que o marxista havia escrito:

"Quanto aos comunistas ganharem, concordo, o marxismo cultural pode ter conseguido a "vitória" de mudar o senso comum da humanidade, mas, ele jamais conseguirá que os alienados politicamente corretos sejam socialistas/comunistas, alem disso, grandes nações da Europa Oriental (Hungria, Polônia, Rep. Checa, Ucrânia, etc), alem da China e republicas da antiga URSS, que foram socialistas até pouco tempo, jamais aceitarão o socialismo novamente, e nações como o Japão, Inglaterra, Alemanha, Holanda, Bélgica, Itália, também jamais aceitarão serem socialistas ou comunistas.
Quanto a AL, está já é socialista, mas isso não tem importância para os destinos da humanidade, tem apenas importância para o destino dos latinos, que continuarão atrasados como sempre foram."


Alguns posts a frente o marxista escreveu:

""Destino da humanidade"
Aquela velha utopia de que a situação pode continuar indefinida por mais tempo."


Escreveu apenas isso.
Notar que não existe relação direta entre o que eu escrevi e o que o marxista respondeu, ele pegou apenas uma frase, a "os destinos da humanidade", e colocou o que ele tem na cabeça.
Ele não argumentou de forma objetiva contra o que eu havia escrito, ignorou o tema principal e mudou de assunto, pegou apenas uma frase do que eu escrevi e introduziu a sua ideologia.
Não é fácil entender o que ele está falando... marxistas falam sempre a mesma coisa usando formas diferentes.
Após "decifrar" o conteúdo respondi o seguinte ao marxista:

"Na minha opinião a situação não está indefinida.
Para quem acompanha os acontecimentos como observador imparcial a situação está muito bem definida.
Mas, entendi o que você disse nas entrelinhas...
Posso deduzir que, você, talvez, ache que o que está acontecendo na AL vai sim alterar os "destinos da humanidade".
Bom, isso é o que eu defino como "velha utopia".
Posso deduzir que, você, talvez, mesmo diante dos fatos históricos que aconteceram no século XX, tenha esperança que o socialismo latino vá mudar o que você classifica como "situação indefinida"....
Isso nada mais é que a mesma utopia ideológica que existiu no século XX.
Então, em vista disso, a sua "esperança" é que é uma "velha utopia" que mesmo diante do colossal fracasso do socialismo no século XX ainda continua existindo esperançosa no século XXI."


Para essa minha resposta o marxista nada disse, e mudou para outro assunto.
Dois posts mais a frente o marxista partiu para as sonoras gargalhadas, para o uso do "foda-se" sucessivamente, para a repetição de posts com o termo "Destino da humanidade" acompanhado de uma foice.
Este é o lugar comum de todo marxista - todos agem desta forma.
Pelo menos na comunidade "Marx é inquestionável ?!", onde já apareceram milhares deles, alguns podem até terem variado na forma, mas, no conteúdo e nas reações sempre foram iguais.

Mas, vou estender um pouco mais o assunto...

Eu sempre tive conhecimento dos acontecimentos mundiais, sabia da Guerra Civil Espanhola, da Revolução Russa de 1917, da Revolução Cultural na China de Mao, da revolução cubana, da Guerra Fria, sabia também o que aconteceu no Brasil antes e durante o regime militar.

Eu tinha conhecimento de Karl Marx, mas, nunca dei importância a ele nos meus estudos sobre filosofia e política, sabia também da militância marxista, socialista, comunista.

Mas, eu não sabia que por trás da ideologia marxista existia uma loucura !
Eu não sabia que uma parte da humanidade era movida por um desejo insano de destruição da sociedade humana existente.
Eu não sabia que por trás do marxismo existiam incansáveis mentes insanas que transitavam em um mundo mental paralelo dominados por uma louca ilusão.
Eu não sabia que tais pessoas são dominadas por tamanha força que as fazem ficarem cegas e matarem quantos seres humanos forem necessários em nome da "sublime causa" que têm dentro da insana cabeça.
Eu não sabia que já existiram milhares de "intelectuais" marxistas, todos com o mesmo padrão psicológico, com as mesmas intenções e agindo de forma orquestrada como se fossem um ninho de formigas trabalhando em prol da sua rainha.
Eu não sabia que tais "intelectuais" engendraram uma teoria a longo prazo que tinha a intenção de mudar o senso comum da humanidade para que essa mesma humanidade depois de ter seu senso comum "transformado" por uma "hegemonia" socialista pudesse então se tornar comunista e ai então, creem tais "intelectuais", que a sociedade existente será destruída e em seu lugar será implantado o comunismo por todo o mundo.
Eu não imaginava que essa loucura pudesse existir!

Eu só fui tomar conhecimento dessa demência coletiva quando quase por acaso fiz um perfil do ORKUT e passeando nas comunidades topei com a comunidade "Socialismo", e entrei nesta comunidade, comecei a ler e percebi que algumas coisas que eram ditas ali não batiam com os meus conceitos de história e em especial de lógica, e comecei a fazer argumentações em tópicos, os meus comentários, sempre feitos de forma educada, mas, contendo lógica e fatos, começaram a atrair a atenção dos socialistas da comunidade... e depois da troca de alguns postes, todos eles em uníssono passavam a ser agressivos contra mim e partirem para ofensas pessoais, e para minha surpresa um deles, enfurecido, me ameaçou de morte !

Fiquei surpreso com isso!
Me perguntei - mas, que doideira é essa ?
Que doideira é essa que esses caras possuem que de um simples debate numa comunidade do ORKUT onde eu estava escrevendo de forma despretensiosa - ameaça-me de morte ?

Parei com o debate e fui pesquisar sobre isso.
Também fui em comunidades sobre marxismo e socialismo e lá vi a calamitosa situação que existia entre os próprios marxistas, o ambiente era dominado por uma suposta "intelectualidade" mas que em nenhum momento existia uma vez que entre eles brigas e baixaria com ofensas mútuas imperava !

Essa baixaria é um lugar comum, marxistas, quando em debates, sempre adotam sucessivamente, não necessariamente na ordem aqui colocada, as seguintes atitudes:

- apelam para o escárnio e deboches na tentativa de nos menosprezar e se colocarem como superiores intelectualmente a nós (sem entretanto refutar nossos argumentos).
- escrevem gargalhadas enormes (kkkkkkk) que em certos casos enchem toda a página.
- fogem de respostas diretas dando como desculpa que "depende do contexto histórico", sem entretanto jamais descreverem qual era o "contexto histórico" e demonstrarem qual foi sua influência no evento.
- se referem a serem críticos, mas, a "crítica" de marxistas não passa das tolices mostradas aqui.
- quando se coloca um argumento no debate focado 100% em um assunto X (ou qualquer outro), marxistas em suas respostas colocam 1% do que escrevem no assunto X, e o restante 99% eles usam para repetir as loucuras que tem na cabeça.
- elogiam a dialética como se fosse algo milagroso, mas, se existe uma coisa que marxistas nunca usam é a dialética, não usam porque não sabem usar.
- nos chamam de fascistas.
- nos chamam de neoliberais.
- colocam apelidos.
- ficam repetindo algo pejorativo ou palavras de ordem.
- nos indicam livros e mandam a gente ler.
- demonstram incompreensão do próprio texto marxista, conhecem apenas parte do texto marxista, os textos cruciais (cartas e textos secretos), que demonstram as reais intenções de Karl Marx - eles desconhecem.
- quando refutados param com o assunto e partem para outro sem conexão com o anterior.
- e o lugar comum maior - todos - quando refutados sucessivamente partem para ofensas pessoais e baixarias de toda ordem.


Marxistas pertencem a um tipo humano específico, tem um padrão de comportamento específico, tem um modo de falar específico, as expressões faciais são típicas e até mesmo o modo de andar são semelhantes, tem um egoísmo "cultural" idêntico, todos se acham eruditos sem demonstrar gabarito algum, todos se acham "críticos", todos se acham "dialéticos" e com essa "fórmula mágica" criaram a ilusão que possuem a verdade que irá "transformar a sociedade".

Marxistas são todos iguais no comportamento.
Portanto, é uma patologia.
Marxistas são dominados por uma louca ilusão, e como Freud detectou em seus estudos psiquiátricos, a ilusão ideológica é uma neurose, uma doença mental.

Eu compartilho da opinião de Fernando Pessoa e classifico os marxistas como a ralé da humanidade, eles são o que de mais podre a evolução econômica e cultural da humanidade produziu, são possuídos de enorme ignorância egoísta e ódio irracional, ao mesmo tempo fazem de si próprios uma avaliação de donos da verdade humana, e em vista dessa suposta supremacia intelectual, quando no poder, eles exterminam quantos seres humanos forem necessários.
Foi assim com Lenin, Stalin, Mao, Pol Pot, Guevara/Castro, e muitos outros.

Os seres humanos possuídos da doença ideológica "revolucionária" (socialistas, comunistas, marxistas, anarquistas, libertários), são uma anomalia genética.

O pior para a humanidade atual é que essa ralé criou uma estratégia camuflada (Teoria Crítica, marxismo cultural) que no mundo atual dominou de forma avassaladora nas escolas de todos os níveis, nas artes, na midia, e em todas as organizações mundiais, desde a Wikipédia, passando pelo FMI, até a ONU, onde dominam de forma total.

Essa loucura dominante no mundo atual passa desapercebida para a maior parte das pessoas, como passou a mim, o máximo que se sabe dela é o "politicamente correto", mas, os seus tentáculos vão muito alem disso, no EUA proliferaram os chamados "think tank" que são "centros de estudo" para a criação de estratégias, sutilmente camufladas, para a dominação "cultural" da humanidade e implantação final a longo prazo do socialismo em todo o mundo, eles agem de forma sutil, disfarçados de "humanistas" e outras formas de despistamento, e estão levando a humanidade para o caos sem que a humanidade se dê conta disso.

O extermínio que marxistas e socialistas praticaram em dezenas de nações no século XX, a Guerra Civil Espanhola (uma revolução do proletariado que matou 700 mil pessoas), a Guerra Fria perdida, o Muro de Berlim derrubado, os milhões de mortos nos GULAGs russos e na "passo a frente" na China comunista,, ainda não foram suficientes para parar essa insanidade que domina grande parte dos humanos, e eles querem mais, e, ao que tudo indica, irão conseguir...


***

FRASES

G. J. Ballone.

“Todas as tendências ideológicas que enfatizam a igualdade dos seres humanos, num total descaso para com as diferenças funcionais, ecoam aos ouvidos despreparados com eloqüente beleza retórica, romântica, ética e moral.
Transportando tais ideais do papel para a prática, sucumbem diante de incontáveis evidências em contrário: não resistem à constatação das flagrantes e involuntárias diferenças entre os indivíduos, bem como não explicam a indomável característica humana que é a perene vocação das pessoas em querer destacar-se dos demais”.



Winston Churchill

“O socialismo é a filosofia do fracasso, o credo da ignorância e o evangelho da inveja. Sua virtude inerente é a divisão igualitária da miséria.”


Friedrich Nietzsche

"O socialismo é o fantasioso irmão mais jovem do quase decrépito despotismo, do qual quer herdar; suas aspirações, são, portanto, no sentido mais profundo, reacionárias.
Pois ele deseja uma plenitude de poder estatal como só a teve alguma vez o despotismo, e até mesmo supera todo o passado por aspirar ao aniquilamento formal do indivíduo: o qual lhe aparece como um injustificado luxo da natureza e deve ser transformado e melhorado por ele em um órgão da comunidade adequado a seus fins."



Eric Voegelin

Na raiz da ideia marxiana está uma doença espiritual, a revolta gnóstica de quem se fecha à realidade transcendente.
A incapacidade espiritual aliada à vontade mundana de poder provoca o misticismo revolucionário.
A proibição das questões metafísicas acerca do fundamento do ser; "Será possível negar Deus e manter a razão ?" destrói a ordem da alma.
Mas a par desta impotência espiritual há a vitalidade de um intelecto que desenvolve uma especulação fechada.
As Teses sobre Feuerbach mostram que o homem marxiano não quer ser uma criatura.
Rejeita as tensões da existência que apontam para o mistério da criação.
Quer ver o mundo na perspectiva da coincidentia oppositorum, a posição de Deus.



J Edgar Hover (1895-1972)

"Comunismo não é um partido político, comunismo é uma doença (disease), corrompe a alma transformando mesmo o mais gentil dos homens em um cruel e diabólico tirano."


Friedrich August von Hayek

"O socialismo não passa de uma invenção de intelectuais, que tentaram dar-lhe uma justificação política.
Não foi o proletariado que criou o socialismo, mas os intelectuais que têm a pretensão de saber mais do que o povo.
O socialismo tem intenções até honrosas, mas é uma ilusão intelectual pretender que a razão humana possa reorganizar a sociedade tendo em vista objetivos que seriam conhecidos e previstos."

"o socialismo constitui uma ameaça para o bem-estar presente e futuro da raça humana, no sentido de que nem o socialismo nem qualquer outro substituto da ordem de mercado que conhecemos poderão sustentar a atual população mundial."



Roberto Campos

“No meu dicionário, ‘socialista’ é o cara que alardeia intenções e dispensa resultados, adora ser generoso com o dinheiro alheio, e prega igualdade social, mas se considera mais igual que os outros…”

“Os comunistas sempre souberam chacoalhar as árvores para apanhar no chão os frutos.
O que não sabem é plantá-las.”



Ruth Rocha, autora de livros infantis da atualidade no Brasil.

"Três coisas estão destruindo os livros para crianças: a mania de autoajuda; o bom-mocismo; o politicamente correto."
"Tenho notado o aparecimento de grandes números de livros. Qualquer coisa com politicamente correto, ajuda, autoajuda. Acho isso uma tendência triste. São coisas que não são literárias, não têm valor."
"O politicamente correto é ridículo. Eles querem que eu chame anão de "pessoa verticalmente prejudicada"."



Fernando Pessoa

"O comunismo não é um sistema: é um dogmatismo sem sistema — o dogmatismo informe da brutalidade e da dissolução.
Se o que há de lixo moral e mental em todos os cérebros pudesse ser varrido e reunido, e com ele se formar uma figura gigantesca, tal seria a figura do comunismo, inimigo supremo da liberdade e da humanidade, como o é tudo quanto dorme nos baixos instintos que se escondem em cada um de nós.
O comunismo não é uma doutrina porque é uma antidoutrina, ou uma contradoutrina.
Tudo quanto o homem tem conquistado, até hoje, de espiritualidade moral e mental — isto é de civilização e de cultura —, tudo isso ele inverte para formar a doutrina que não tem."

Fernando Pessoa, "Ideias Filosóficas"


PARTE DE TEXTOS DE GRANDES PENSADORES


Eric Voegelin

"Karl Marx segundo Eric Voegelin"
Tradução de Mendo Castro Henriques


1.1. Marx: história e lenda.

Ao iniciar o estudo de Marx, nunca é demais acentuar que a polêmica partidária dificultou o acesso à obra; muitos escritos considerados secundários permaneceram inéditos até à edição MEGA de 1927-32 e, ainda em vida, a pessoa histórica de Marx desapareceu debaixo da figura mítica. Nos marxistas da primeira geração e nos da revolução russa, cresceu a lenda que não valia a pena conhecer o filósofo precoce que, apenas a partir de 1845 desenvolvera as verdadeiras intuições no Manifesto e em O Capital, e que foi fundador da 1ª Internacional.
Debateu-se, depois, se o verdadeiro Marx era o de Bernstein, Kautsky, Rosa Luxemburgo ou Lenine.
Só após o Instituto Marx-Engels-Lenine de Moscovo e os sociais-democratas alemães desenterrarem os manuscritos dos arquivos começou uma interpretação séria na qual se destacam as obras de S.Landshut e J.P. Mayer Der historische Materialismus. Die Frühschriften, 2 vols., Leipzig, 1932.

Por detrás desta história de incompreensão e redescoberta está a tragédia do activista. Para passar do velho para o novo mundo, Marx exigia uma metanóia, semelhante à conversão de Bakunine mas obtida através de um movimento revolucionário. A revolução seria uma mudança radical do homem: permitiria derrubar as instituições e purificar a classe operária. Libertaria a classe oprimida da "porca miséria" (Drecke) e permitiria recriar a sociedade. Marx não queria criar primeiro o povo eleito e depois fazer a revolução: pretendia que a criação do "povo eleito" resultasse da experiência da revolução.
Esta ideia é profundamente trágica porque, caso não houvesse revolução, o coração humano não mudaria.
O caráter insensato da ideia permaneceria mascarado até que a experiência fosse levada a cabo.
E ao contrário do que se passou com o anarquismo de Bakunine, este carácter peculiar da ideia marxiana foi agravado pela visão comunista do novo mundo.

1.2. A visão dos reinos da necessidade e da liberdade.

Marx sobressai entre os revolucionários da sua geração pelos superiores poderes intelectuais.
Evoca um novo mundo mas não cai nas propostas delirantes de abolição da sociedade industrial e nas utopias socialistas.
Jamais aceitaria a metamorfose comteana da tradição francesa católica dos clercs em intelectuais positivistas, desejosos de conquistar o poder temporal.
Através de Hegel e dos jovens hegelianos, herdara as tradições do protestantismo intelectualista luterano, defensor da verdadeira democracia realizada em cada homem.
No mundo do sistema industrial, o novo reino da liberdade resultaria da experiência emancipadora da revolução.

Esta visão não foi apenas um episódio da juventude; permaneceu constante até ao fim da vida.
Em O Capital vol.3, reflete na grande vantagem do sistema de produção capitalista: maior produtividade e, portanto, redução do horário laboral. O homem civilizado e o primitivo têm de lutar com a natureza para satisfazer carências; nenhuma revolução abolirá este reino da necessidade natural, que continuará a crescer à medida das necessidades humanas.
A liberdade neste domínio será, quando muito, a regulamentação racional do metabolismo humano.
O homem socializado, der vergesellschaftete Mensch poderá controlar colectivamente este metabolismo, reduzindo as horas de trabalho e as perdas de produção e organizando os lazeres em vez de os deixar ao acaso.
Só depois começa o reino da liberdade, a finalidade que não resulta da base material mas da experiência da revolução.

A distinção entre os dois reinos é bastante clara.
A abolição da propriedade privada não é o fim em si mesmo e o controle colectivo só interessa para diminuir as horas de trabalho. As horas de lazer ganhas são o solo no qual o reino da liberdade poderá enraizar-se. A burguesia usa esse tempo para ócio, entretenimento recreio, jogo, divertimento. Mas será isto preencher a liberdade?
Dados os conhecimentos filosóficos de Marx, por reino da liberdade dever-se-ia entender a acção concretizadora das capacidades humanas, algo de semelhante às aristótélicas scholé e bios theoretikos.
O decisivo é que a liberdade não provenha da base material mas da experiência de revolução.
A superação (Aufhebung ) do trabalho convertê-lo-ia em auto-determinação (Selbstbetätigung).

1.3. O descaminho de Marx 1837-1847.

De 1837 a 1847 Marx clarificou os pensamentos que tiveram a expressão tardia atrás esboçada. Após a visão, impunha-se a acção revolucionária.
O reino da necessidade seria a indústria menos a burguesia.
O reino da liberdade tinha de crescer por si e não podia ser planeado.
Entre adoptar a existência romântica à Bakunine, ou o silêncio, optou por preparar a revolução.

1.4. Lenda do Jovem Marx.

Se Marx se sentisse obrigado a produzir uma renovatio revolucionária nos seus contemporâneos através de sua autoridade espiritual, nada resultaria exceto o seu drama pessoal.
Mas bastava-lhe mover o Aqueronte no homem, para a liberdade resultar da revolução e a revolução da necessidade. Defendia um ideal de dignidade humana; mas, na acção, desprezava o homem.
A revolução que derrubaria a burguesia dependeria de:
1)A análise dos factores do capitalismo que desintegravam o sistema 2) A forja da organização proletária que iria tomar o poder.
Em vez de se tornar o dirigente da revolução, Marx escreveu o Manifesto como apelo à organização das forças que iriam executar a revolução inevitável.
Em vez de descrever a sociedade futura escreveu O Capital, análise, marxista, da suposta sociedade moribunda.

A partir de 1845 tornou-se o parteiro da revolução. E foi esta transição do fazer a revolução para o preparar a revolução que constituiu o seu descaminho.
A imensidade dos trabalhos preparatórios ensombrou a experiência escatológica que motivara a visão revolucionária e a culminância no reino da liberdade.

1.5. O movimento marxista. Revisionismo.

O descaminho ensombrou a ideia mas não aboliu a tensão revolucionária. As actividades preparatórias puderam ser imitadas por quem não tinha a experiência originária de Marx, provocando a morte do espírito e da esperança de renovação num mundo novo após a revolução.
Os marxistas eram quase todos almas já mortas que apenas experimentavam a tensão entre o presente miserável e o imaginado futuro radioso e que desejavam a melhoria da sorte dos operários.

O descaminho intensificou-se com a passagem do tempo. A preparação intelectual e organizacional da revolução tornou-se um modo de vida.
Bernstein pôde afirmar: "O que vulgarmente se chama a finalidade derradeiro do socialismo nada representa para mim; o movimento é tudo ";
e Kautsky no Neue Zeit de 1893:"O partido socialista é um partido revolucionário; não é um partido que faça revoluções".
A revolução foi transformada em evolução. Horários, salários e controles laborais poderiam ser adquiridos por legislação. A ala revisionista tornara-se um movimento de reforma social.

Se no domínio das ideias estes problemas marxistas têm pouco interesse, já no da história são importantíssimos. Para um Kautsky convicto de que revolução é inescapável, o revolucionário apenas tem de esperar que a situação esteja madura para agir. O revolucionário genuíno aguarda; o utópico faz aventuras. Este descaminho quase cómico de Kautsky aparece já no Marx de 1848-50. Até à revolução de Fevereiro, Marx esperava a grande revolução. A secção 4 do Manifesto revela esse estado de espírito: "A revolução burguesa na Alemanha será apenas o prelúdio de uma evolução proletária imediatamente subsequente". Quando a revolução falhou, foram necessárias muitas explicações. A primeira fase do falhanço foi explicada em A Luta de Classes em França,1850; a segunda fase em O 18 Brumário de Luís Napoleão, 1852.
Em 1850, no Discurso à Liga Comunista desenvolve pela primeira vez a táctica da luta de classes, cunhando a palavra de ordem "revolução permanente".
Depois de grande intervalo escreve A Guerra Civil em França, 1871 para explicar o falhanço da Comuna. Após a morte de Marx, Engels prosseguiu estas explicações. Para a história da Liga dos Comunistas, 1885 prevê a revolução para breve, efabulando a existência de ciclos imaginários de 15 ou 18 anos. No prefácio de 1895 à reedição de A Luta de Classes em França, fascinado com a existência de dois milhões de votantes sociais-democratas, Engels louva-se nos excelentes resultados dos processo legais de luta. Na expansão da Social-Democracia, vê um fenómeno semelhante ao crescimento do Cristianismo na decadente sociedade romana. Bismarck é o Diocleciano alemão. E como se vê, Kautsky podia razoavelmente considerar-se o portador do facho marxiano.

1.6. O movimento marxista. Comunismo.

O descaminho que levou à revolução comunista apresentou-se como regresso ao verdadeiro Marx. Após 1890 surgem radicais que já não aceitam o reformismo evolucionista. Lenine perante Kautsky tem a mesma atitude de Marx perante os sindicalistas ingleses. Pretende uma élite partidária, rejeita a cooperação democrática, quer a concentração do poder e despreza as massas que podem ser compradas mediante vantagens, como se vê no discurso de Genebra em 1908.
Com as lições ainda frescas da revolução falhada de 1905, Lenine acentua os aspectos violentos do Comunismo.
A Comuna de 1870 falhou porque não foi suficientemente radical, não expropriou os expropriadores, foi indulgente para com inimigos, tentou influenciar moralmente em vez de matar, não percebeu a acção militar e teve hesitações. Mas pelo menos lutou, demonstrando assim como lidar concretamente com o problema da revolução. A insurreição russa de 1905 mostra que a lição fôra aprendida e os Sovietes de trabalhadores e de soldados indicavam a actuação correcta .

Reconquistava-se assim a tensão revolucionária ao nível da acção no reino da necessidade. A visão marxiana aparece em parte na obra de Lenine e nas fórmulas da Constituição Soviética de 1936, através do reconhecimento de que a revolução socialista ainda não produziu o verdadeiro reino comunista. A URSS é uma união de repúblicas socialistas guiadas pelo partido comunista em direcção a um Estado perfeito, distinção que remonta à Crítica do Programa de Gotha e Erfurt, 1875. Na fase original da revolução, o comunismo incipiente compensará o trabalho de acordo com a respectiva qualidade e quantidade. Na fase superior, o trabalho já não será meio de vida mas sim a maior necessidade da vida (Lebenbedürfnis). O princípio então será, de cada um conforme a sua capacidade, a cada um conforme a sua necessidade". Esta fórmula de Enfantin em 1831, é parafraseada por Louis Blanc em 1839 e depois usada por Marx.

Em O Estado e a Revolução, 1917 Lenine usou-a de modo que se tornou um dos ícones semânticos do comunismo russo. O contexto táctico da distinção reforça a visão de que o comunismo final é remoto (está a décadas de distância segundo Marx, a séculos segundo Lenine) enquanto a fase imediata é de pós-revolução.

Os erros repetidos das explicações e das tácticas comunistas acerca do falhanço do milénio como passo necessário e inevitável para o respectivo advento, acabaram por cair no ridículo após a 1ª Grande Guerra, sendo estigmatizadas por Karl Kraus como o tic-tac dos tác-ticos marxistas.

1.7. Triunfo político do marxismo.

Num artigo de Enciclopédia de1914, Lenine faz curta biografia de Marx e depois expôe o Materialismo Filosófico, baseando-se no Anti-Dühring, na dialéctica em Engels e Feuerbach e na concepção materialista da história, da página famosa da Crítica da Economia Politica. Depois vem luta de classes e doutrina económica, socialismo e táctica.
Não há uma só palavra sobre o "reino da liberdade" e as suas precárias realizações.
Deste modo, Lenine e os leninistas recuperaram a tensão revolucionária no domínio da necessidade mas perderam-na ao nível da liberdade. A passagem do tempo obrigava-os a considerarem cada vez mais os acontecimentos históricos como passos tácticos. Após 1917 continuou a debater-se se aquela era mesmo a grande revolução, se apenas o seu começo, se deveria ser expandida no mundo, se estaria segura enquanto não fosse mundial, se poderia ser num só país, quanto tempo levaria o Estado a desaparecer,etc.
Como após o triunfo russo não surgiu o Pentecostes da liberdade, surgiu a inquietação.
O jogo da táctica servia para os dirigentes mas o comum não o entendia. Passaram dez, vinte anos, e o Estado não desaparecia.
E a relevância doutrinária de Estaline consiste em ter encontrado um substituto para o milénio - a pátria do socialismo.

A injecção de patriotismo no comunismo russo é um apocalipse substituto para massas que não podem viver em permanente tensão revolucionária. Mas a táctica do descaminho não desaparece só porque uma paragem táctica foi oferecida às massas.

2.1. Dialéctica invertida. A formulação da questão.

A dialéctica da matéria é uma inversão consciente da dialéctica hegeliana da ideia, e corresponde a processos semelhantes praticados por sofistas, iluministas e anarquistas.
Sob a designação mais respeitável de "materialismo histórico" ou mesmo "interpretação económica da história e da política" é correntemente aceita e surpreende que o diletantismo filosófico de tais teorias não abale a sua influência maciça.
Dialéctica é um movimento inteligível das ideias, quer na mente quer noutros domínio do ser ou, então, em todo o universo. Hegel interpretava a história dialecticamente por considerar o logos incarnado na história.
No Prefácio à 2ª ed. de O Capital, 1873, afirma Marx que "o meu método dialéctico nos seus fundamentos não só difere do dos hegelianos mas é o seu oposto directo". Na 1ª ed. declarava-se um discípulo do grande pensador contra os autores medíocres que o tratavam como um "cão morto". Considera que na forma mistificada hegeliana, a dialéctica é glorificação do que existe. Na forma racional marxiana "explica a forma do devir no fluxo do movimento". Ao compreender criticamente o que existe positivamente, também implica a compreensão da sua negação e desaparecimento.

A intenção marxiana de inverter (umstülpen ) Hegel, considerado como de pés para o ar, assenta numa incompreensão da dialéctica.
Para Hegel a ideia não é o demiurgo do real, no sentido de "real" significar o fluxo de realidade empírica que contém elementos que não revelam a ideia. Hegel debate se a realidade empírica é apenas um fluxo ou se tem uma ordem; como filósofo, tem de discernir entre a fonte de ordem e os elementos que nela não cabem. A dialéctica da Ideia é a sua resposta a este problema. Mas Marx abole o problema filosófico da realidade precisamente antes de praticar a inversão; não inverte a dialéctica: recusa-se sim, a teorizar. Trinta anos antes mostrara na Crítica da Filosofia do Direito de Hegel,1843 que compreendia o problema da realidade mas que preferia ignorá-lo. Criticara então a concepção hegeliana por não estar à altura de conceito de realidade. (Cf. notas à secção 262 de CFDH). Os filósofos têm o hábito de questionar a realidade. Em vez de deixar a essência como predicado da realidade existente, extraem-na para sujeito, "die Prädicate selbst zu Subjekten gemacht". Mais do que censurar Hegel, Marx estava a atacar a filosofia. Os filósofos, de facto, não deixam a realidade em paz nem se conformam que a ordem seja produto do real.

2.2. A proibição-de-perguntar ou Fragesverbot.

Mas se afinal Marx compreendia perfeitamente Hegel, como revela a passagem da Crítica da Economia Política, p.lv., onde mostra que a filosofia crítica discorda de visão pré-crítica, foi talvez por desonestidade intelectual que deliberadamente se fez desentendido.
É um problema de pneumopatologia: receava os conceitos filosóficos, sofria de logofobia.
Engels no Anti-Dühring, ed 1919, pp.10 e ss., dissera que o materialismo moderno é dialéctico pois dispensa uma filosofia acima do discurso das ciências.
Enquanto a dialéctica pesquisar leis e processos de evolução, a filosofia é supérflua.
Cada ciência quer clareza no contexto total das coisas e dos conhecimentos das coisas (Gesamtzusammenhang ); mas uma ciência particular do total é supérflua e pode ser dissolvida em ciência positiva da natureza e da história.
Também aqui, apenas uma pneumopatologia pode conferir sentido a estas afirmações de Engels.
Os conceitos críticos conduziriam ao contexto total da ordem do ser ou ordem cósmica. Um contexto total não deve existir para o sujeito autónomo de que Marx e Engels são insignificantes predicados; a existir, é só como predicado de todos os sujeitos, nomeadamente Engels e Marx.
Atingimos aqui o estrato profundo da revolta marxiana contra Deus.


[Nota: Magistral essa passagem de Voegelin! Tudo que Marx fez na vida tinha como motivação única um ódio duplo - contra deus e contra os bem sucedidos.]

A análise levaria a reconhecer a ordem do logos na constituição do ser, esclarecendo como blásfémia inútil a ideia marxiana de estabelecer um reino da liberdade e de mudar a natureza do homem através da revolução.
Como Marx se recusa a utilizar uma linguagem crítica, temos de compreender os símbolos a que recorre.
Marx criou um meio específico de expressão: quando atinge um ponto crítico, apresenta metáforas que forçam as relações entre termos indefinidos como se viu no já citado passo do Prefácio, p.xvii " o ideal nada mais é que o material transformado e traduzido na cabeça do homem ".
Seria uma afirmação brilhante se condensasse numa imagem o que já fôra dito de modo crítico.
Mas o problema é que não existe esse contexto crítico.
O que é "pôr na cabeça" ?
É milagre fisiológico ?
Actividade mental ?
Acto cognitivo ?
Processo cósmico ?
Atente-se de novo na passagem da Kritik p.lv:

1ª "Na produção social dos seus meios de existência, os seres humanos efectuam relações definitivas e necessárias que são independentes da sua vontade, relações de produção que correspondem a um estádio definido de desenvolvimento das suas forças produtivas materiais". O estilo é fraco mas passagens anteriores explicaram cada um destes termos.
2ª "O agregado destas relações de produção constitui a estrutura económica da sociedade". Nada a dizer.
3ª "A estrutura económica da sociedade é a base real na qual uma superestrutura jurídica e política surge e a que correspondem formas definitivas de consciência social".
Por que razão é a economia a base ?
Nada no texto o justifica.
4ª "O modo de produção dos meios materiais de existência condiciona todo o processo da vida intelectual, social e política".
Mas que significa condicionar ?
Não se explica !
5ª "Não é a consciência dos homens que determina o seu ser; é, pelo contrário, o seu ser social que determina a sua consciência".
Então passa-se sem mais de condicionar para determinar ?
E o que é ser e consciência ?
Esta passagem célebre ilustra como Marx salta de problemas concretos de economia e de sociologia para uma especulação com símbolos não-críticos.


[Nota: Magistral novamente! Marx e em especial os marxistas, fogem do debate direto para o mundo da fantasia dos símbolos.
Nos textos marxistas não se vê nenhuma dialética e nenhuma crítica, a única coisa que vemos são variadas formas de ódio pessoal colocado em forma de palavras contra o motivo do ódio.]


2.3. Especulação pseudológica.

Então que faz Marx ?
Para referirmos a sua "teorização" efectuada com uma linguagem não-teórica, podemos falar de especulação pseudológica, uma teoria aparente apresentada como teoria genuína e que supôe uma filosofia genuína do logos que pode ser pervertida.
A inversão marxiana é a transformação pseudológica da especulação de Hegel.
Não inverteu Hegel porque o material não é a realidade de Hegel nem o seu ideal é a ideia de Hegel.


[Nota: Magistral novamente! Não inverteu Hegel coisa nenhuma! Hegel gastou uma vida para formar a sua filosofia e não seria como em um passe de mágica que sua filosofia seria invertida. E se por acaso alguém fizesse isso, teria que usar a dialética, e se existe uma coisa que Marx jamais usou neste seu texto, ou em qualquer outro, foi a dialética! Não existe em nenhum texto de Marx o uso do movimento dialético explicitado, essa é uma das maiores trapaças inventadas por uma ideologia!]

A vulgata materialista afirma que tudo é disfarce de interesses materiais (económicos, políticos, etc.).
Marx era um pouco mais sofisticado.
Reteva a visão de Hegel de que a história é a realização do reino da liberdade.
E Engels louva Hegel que se ocupou da ordem inteligível da história mas aponta-lhhe a contradição entre a lei dinâmica da história e a insistência de que já existe o Inbegriff , o total da verdade absoluta. Censura a tentativa de interpretar a história como desdobramento de uma ideia que alcançou conclusão no presente. Reconhece, portanto, a falácia da gnose histórica: o decurso empírico da história não deve ser interpretado como o desdobramento da Ideia.

Mas Engels engana-se redondamente ao argumentar que o processo da história, por natureza, não encontra conclusão natural mediante a descoberta de uma verdade absoluta.
Pelo contrário, esse seria o único modo possível de encontrar uma conclusão para o decurso empírico da história; pela mesma razão, a história não é fechada mas permanece processo transcendental.
A falácia desta gnose consiste na imanentização da verdade transcendental.
Se quissesse dizer a verdade, Engels deveria afirmar que o fim-da-história imanentista não pára a historia e, portanto, não deve ser usado.
Mas para Engels apenas a realidade empírica tem significado como desdobramento da ideia mas sem a conclusão, um eterno fluxo de Heraclito.
A realidade hegeliana do desdobramento da ideia é abolida e fica só a realidade empírica como se fosse uma Ideia.
Do mesmo modo se explica a incompreensão do problema de Hegel por parte de Marx como-se-fosse deliberada. Arrasta-se o significado da ideia para a realidade, sem encontrar o problema da metafísica da ideia.

A confusão entre realidade empírica e a realidade da Ideia arrasta a dialéctica da ideia para a realidade empírica.
O marxiano apresenta o filósofo como uma criança da escola que ainda acredita na conclusividade dos sistemas metafísicos.
Mas então o marxismo não seria também um dia ultrapassável ?
Na confusão em que Engels se move, as dificuldades deste género são ultrapassáveis pelo simples esquecimento.
Cem páginas adiante, Engels reconhece que Hegel descobriu que o decurso da história é a realização da liberdade; Hegel compreendeu que a liberdade é a intuição da necessidade.
"A necessidade é cega apenas enquanto não compreendida".
A liberdade da vontade é apenas a capacidade de tomar decisões baseadas em conhecimentos (Sachkentnnis).
E a liberdade progride com as descobertas tecnológicas. A máquina a vapor é a promessa da "verdadeira liberdade humana". Que a incarnação do logos seja substitida pela máquina a vapor é bem um sintoma da indisciplina intelectual de Engels, na qual se conjugam várias tendências da desintegração ocidental.

1. A gnose de Marx-Engels difere da de Hegel apenas por afastar um pouco o fim-da-história, para abarcar a curta etapa da revolução.

2. Como só a forma da conclusão intelectual é de Hegel, não a substância, o intelecto programático torna-se o portador do movimento.
Há um salto revolucionário para a natureza revolucionada do homem.
Elimina-se o bios theoretikos. Só fica o conhecimento do mundo exterior. Quem conhecer o problema do propósito que causa indecisão, será livre.
E Lenine, que se baseia mais em Engels do que em Marx, louva aquele no artigo de Enciclopédia em1914 sobre Os Ensinamentos de Marx por transformar a coisa-em-si em coisa-para-nós.
É a destruição da substância humana.

3. A fórmula de que a liberdade consiste no domínio do homem sobre a natureza e sobre si próprio, lembra as posições de Littré, Mill e de outros intelectuais positivistas e liberais que são fontes de Engels. Há bastante espaço entre as capas do livro para desenvolver esta especulação pseudológica.
Apesar de ter dissolvido a existência humana, Engels ocupa-se da moral cristã-feudal, burguês moderna e da moralidade proletária.
Não existe outra ética absoluta a não ser o sistema proletário, tema maior daEndgültigkeit como sistema moral de sobreviver no fim.

2.4. Inversão.

Vimos de que modo o ataque anti-filosófico marxiano, estabelecendo a realidade empírica como objecto de investigação, utiliza um meio linguístico especial; a destruição logofóbica dos problemas filosóficos. Dentro do novo meio de expressão, nada se inverte; a gnose hegeliana é traduzida em especulação pseudológica. A inversão surge numa terceira fase em que o resultado das duas primeiras operações é construido como uma interpretação dos reinos do ser a partir da base da hierarquia ontológica.

Para analisar esta tarefa de Marx, seria aqui necessária uma filosofia da cultura.
Seria preciso explicar: 1)A natureza dos fenómenos culturais; 2) Que tais fenómenos podem ser considerados a partir de uma base da existência, por exemplo, a matéria; 3 ) E finalmente, o que é esta base da existência.
Marx só fornece a fórmula de que a consciência é condicionada pela existência.
Surgem ainda passagens sobre "ideologia". KPO pp.lv e ss.
As revoluções começam na esfera económica e arrastam a superestrutura.
Se isso significa que o conteúdo da cultura mais não é senão luta pelo domínio da esfera económica, não é verdade.

Em relação à base do fundo da existência, veja-se a nota 89 de O Capital,1 sobre a tecnologia. A história dos elementos produtivos é mais relevante e mais fácil que a história das plantas e dos animais de Darwin porque, como afirma Vico, foi o homem que fez a história do homem. A tecnologia revela o comportamento do homem perante a natureza e portanto as concepções mentais, geistigen Vorstellungen, que delas provêm.
É também mais fácil encontrar o cerne terreno das religiões, do que ir pelo caminho oposto e desenvolver as formas tornadas celestiais,"verhimmelten Formen" fora da relação com a vida. Um dos defeitos do naturwissenschaftenlichen Materialismus é excluir o processo histórico.
Marx critica pois a história psicologizante que se reduz aos motivos terrenos das religiões. As religiões têm motivos económicos, como se lê no Anti-Dühring, p.31: é preciso um princípio. E são estas as ideias que abalam o mundo ?

3.1. A génese do socialismo gnóstico.

O ponto de partida para o movimento do pensamento de Marx é a posição gnóstica herdada de Hegel.
O movimento do intelecto na consciência do ser empírico é a fonte maior de conhecimento.
Donde a revolta contra a religião como esfera que reconhece um realissimum para além da consciência.
A Dissertação de 1840-41 abre o prefácio com um ataque a Plutarco que ousa criticar Epicuro.
A confissão de Prometeus "Numa palavra, odeio todos os deuses" é a sentença lançada contra os que se recusam a reconhecer a autoconsciência humana (das menschliche Selbstbewußtsein ) como a suprema divindade.


[Nota: "odeio todos os deuses", Marx adotou esse ódio de Prometheus, para ele Marx, que até pouco tempo atrás era um fervoroso cristão (vide textos de Marx com 17 anos), algo de muito chocante deve ter ocorrido para que ele mudasse radicalmente sua opinião! Este algo muito chocante e humilhante aconteceu na vida de Marx na sua curta estadia em Bonn em 1838-38]

O contexto desta afirmação é o debate sobre a existência de Deus.
Quaisquer demonstrações são logicamente inválidas.
Os deuses são forma real apenas na imaginação e apenas demonstram a existência da auto-consciência humana. Levem papel-moeda para onde ele não é aceite, e logo verão o que acontece. Na prova ontológica, o ser que é dado é a auto-consciência humana.

A forma geral das provas é esta:
"Como o mundo está mal organizado, ou é irrazoável, Deus tem de existir".
Isto apenas significa que Deus só existe para quem o mundo é irrazoável.
Marx sumaria o argumento afirmando que a "irrazão é a existência de Deus". A soberania da consciência e a revolta anti-teística de Marx volve-se, depois, contra os sistemas de Aristóteles e de Hegel: de tal modo explicam o mundo que interrompem qualquer avanço ulterior da filosofia. Sendo impossível o aperfeiçoamento, os sucessores devem virar-se para a prática filosófica e para a crítica da situação. A mente teórica deve virar-se como vontade para a realidade mundana que existe independente dela. Esta semi-contemplação não é muito edificante.
Marx estava interessado na filosofia pós-aristotélica de Demócrito e Epicuro porque sentia-a, pessoalmente, em paralelo com a situação pós-hegeliana.
A cultura religiosa da Idade Média seria da "era da irrazão realizada", mais uma falácia de Marx.
Na verdade, quando se atinge o impasse de Hegel e a especulação filosófica se encontra "concretizada", o que um realista espiritual deve fazer, é abandonar a gnose e regressar às experiências originais da ordem, à experiência de fé.
A "necessidade" apontada por Marx era apenas um sintoma da sua revolta demoníaca contra Deus.
Uma vez concretizada a auto-consciência, não concebia regressar à irrazão da fé; apenas poderia avançar para a liquidação da filosofia, a crítica radical do mundo e a instauração de novos deuses.

A atitude de revolta efectua-se historicamente mediante a incarnação do logos no mundo, por meio da acção revolucionária. Para Hegel o logos estava incarnado na realidade e poderia ser descoberto pela reflexão do filósofo. O desdobramento da Ideia não era acção humana. A gnose era contemplativa. A definição da figura histórica como pessoa cujas acções se conformam a movimento da ideia não é receita para se tornar uma figura histórica. Esta perversão da gnose activa surge com Marx.

Marx era um paráclito sectário no mais puro estilo medieval, um homem no qual o logos se incarnara e através de cuja acção a humanidade se tornaria o receptáculo do logos tal como Comte, por exemplo.
Não concebeu o espírito como um transcendental que desce para o homem, mas como a verdadeira essência do homem que se revela.
O verdadeiro homem deve ser emancipado das cadeias. A sua auto-consciência divina é o fermento da história. A grande revolução trará o grande homem.
A pneumopatologia de Marx consiste nesta auto-divinização e auto-salvação do homem; o logos intramundano é proclamado contra a ordem espiritual do mundo.

3.2. Teses sobre Feuerbach

Após o estudo do cerne do pensamento de Marx vejamos a Crítica das Teses de Feuerbach, um verdadeiro dicionário de conceitos marxianos.
Se estudadas na sua sequência de 1 a 11, seguimos o curso da pseudo-lógica.
Mas se invertermos parcialmente a ordem, (11,6,7,4,8,3,1,9,10) compreendemos a especulação .

Aponta-se o conflito entre filosofia e não-filosofia na tese 11: "os filósofos só interpretaram o mundo; trata-se agora de o mudar".
Mas repare-se que "interpretação" e "mudança" não equivalem a "teoria" e "prática" de Aristóteles.
Claro que a função do bios theoretikos é interpretar o mundo e ninguém sério sustenta que a contemplação é um substituto da prática.
A prática tem relevância (es kommt darauf an).
Ademais apenas se pode agir no mundo e não mudá-lo.
A intenção de incorporar na prática uma atitude só é possível em contemplação.
A "prática" de Marx pode mudar o "mundo" porque o mundo é compreeendido como fluxo de existência, no qual a ideia se move concretamente.
O logos não é uma ordem espiritual, mas uma ideia movendo-se dialecticamente dentro do mundo.
Esta praxis pseudológica é atingida se nos lançarmos ao fluxo.
O "mundo" é o fluxo concreto de história.
Não existe outro destino senão o social. Marx critica Feuerbach que dissolveu psicológicamente a religião como construção ilusória do homem mas ainda deixou o homem como entidade individual.
Para Feuerbach, Deus é a essência do homem, Homo homini Deus. Agora, o espectro de Deus deve ser abatido.

Na Tese 6 mostra-se insatisfeito com a dissolução de Feuerbach.
Afinal o indivíduo mais não é senão a totalidade das relações sociais.
É o meio social que nos confere crenças (Tese 7).
É esse o facto da auto-alienação religiosa; e Feuerbach reduziu o mundo religioso à base mundana. Mas falta saber por qual razão a base mundana se separa de si própria e se fixa um céu.
A contradição na base mundana tem de ser compreendida e revolucionada. (Tese 4).

A vida social é essencialmente prática (Tese 8).
A vida não tem dimensão pessoal nem dimensão contemplativa. Todos os mistérios que poderiam induzir o misticismo em teoria, encontram a sua solução racional na prática humana. Marx leva a cabo o fechamento hermético ou clausura do fluxo de existência prática contra todos os desvios e contemplações e condena tentativas de produzir a mudança social mediante a educação. As circunstâncias apenas podem mudar através da acção humana.
A auto-transformação é a "prática revolucionária" (3).
A ideia de um sujeito de conhecimento e de moral distinto de objectos de conhecimento e acção moral deve ser abolida e o sujeito concebido como objeccional, gegenstäntdliche, e a actividade humana como actividadde objeccional.
A realidade deve ser concebida como actividade humana sensorial (sinnliche menschliche Tätigkeit.) (1).
Em termos de tradição filosófica, a prática revolucionária é definida como fluxo existencial em que o sujeito é objectificado e o objecto subjectivado.
É essa a posição da humanidade social enquanto distinta do homem individual burguês bürgerliche, (9 e 10).

3.3. Crítica do céu e crítica da terra.

A crítica da religião é o pressuposto de toda a crítica.
Agora o homem pode reconhecer que é o super-homem e deixar de se considerar Unmensch.
A religião é a auto-consciência de um homem que ainda se não encontrou a si mesmo, a teoria geral de um mundo pervertido. Confere realidade imaginária à essência humana, Wesen, que não tem verdadeira realidade. A miséria religiosa é a manifestação de miséria real e, ao mesmo tempo, protesto contra ela.
A religião é o grito dos oprimidos, "o ópio do povo", KRR p.607.
A destruição da religião é o começo da libertação, não é o fim.
A felicidade ilusória do povo deve agora ser substituida pela sua felicidade real. As flores imaginárias na cadeia rosacruz não foram rasgadas para que a humanidade ficasse só com cadeias e sem consolação. Deve-se quebrar a cadeia e a flor. 607 ff. A crítica do céu deve ceder o lugar a uma crítica da terra, a teologia à política.

Para levar a cabo esta crítica do direito e da política, Marx não critica instituições mas sim a Filosofia do Direito, de Hegel.
Nota a diferença de tempo histórico entre a Alemanha e o Ocidente.
As Revoluções francesa e inglesa aboliram o antigo regime e estabeleceram o estado nacional moderno como expressão da sociedade burguesa.
Foram realizadas por uma classe mas experimentadas como representativas por nações inteiras. Nem sempre isto é possível. Uma classe tem de evocar um momento de entusiasmo, em si mesma, e nas massas que a reconhecem. "Só em nome de direitos universais da sociedade pode uma classe particular reclamar governo geral para si". Não bastam oSelbstgefühl, o pathos espiritual e a energia revolucionária. Deve também existir uma outra classe que se experimente como a esfera onde se pratica o crime notório contra o todo da sociedade, de modo a que a libertação desta classe surja como libertação geral.

Por exemplo, a importância negativa-geral da nobreza francesa e do clero condicionou a importância positiva-geral da burguesia francesa como emancipadora.

A Alemanha ficou para trás porque o ancien régime continuou a existir.


[Nota: Isso é ilógico, a Alemanha não ficou para trás, pelo contrário, a Alemanha era um dos países mais desenvolvidos da Europa, A Alemanha já no final do século XVIII era a poderosa Alemanha que iria atemorizar toda a Europa com duas guerras mundiais.]

Nem tem uma classe cuja rudeza a tornasse representante negativa da sociedade, nem uma outra classe com energia e audácia revolucionária suficientes para se identificar com o povo. Cada classe da Alemanha está ainda envolvida em luta com as classes inferior e superior. O Estado moderno libertou o homem, na medida em que as diferenças de religião e de propriedade já não determinam diferenças de estatuto político para o indivíduo. O estado político perfeito é, por sua natureza, a vida genérica do homem. Contudo, a estrutura da vida egoísta mantém-se fora da esfera do Estado. O homem tem uma vida dupla; na comunidade política, vive como ser genérico, na sociedade vive como indivíduo privado. Ainda não chegou à liberdade através da completa socialização. Mas precisamente porque na Alemanha a situação política é anacrónica, os alemães podem radicalizar a ideia do Estado moderno. Em política, os alemães sempre pensaram o que os outros fizeram. Poderão os alemães p.613 e ss. levar a cabo uma revolução à la hauteur des principes ?

Na oposição entre a Alemanha e outras nações ocidentais, Marx é quase nacionalista. Considerava-se um autor que poderia extrair consequências práticas da filosofia hegeliana do Estado mas duvidava que os alemães a levariam a cabo. Como poderia a Alemanha fazer a revolução sem os passos intermédios já dados por outras nações europeias ? Talvez um dia a decadência geral, Verfall , da Europa tornasse a revolução política possível. A emancipação alemã não seria obra de uma classe particular mas do proletariado que, simultaneamente, faz e não faz parte da sociedade burguesa.

O proletariado é um "estamento" que é a dissolução de todos os estamentos, esfera social cujo carácter universal é devido ao sofrimento universal. É contra ele que se comete a injustiça em geral: de seu só tem a humanidade; por isso só se emancipa a si, emancipando a todos. Como é um zero de humanidade, pode ser um ganho total. Quando o proletariado anunciar a dissolução da ordem presente do mundo, apenas revelará o segredo da sua existência que é dissolução desta ordem do mundo. O proletariado será a arma material da filosofia, emancipador do homem: "A filosofia não se pode tornar realidade sem abolir o proletariado, o proletariado não se pode abolir a si próprio sem realizar a filosofia".

Marx reflecte na Reforma protestante, o passado teórico da Alemanha, uma revolução que começa pela especulação, que quebrou a fé na autoridade e instalou a autoridade de uma fé. Libertou o povo da religião externa mas deixou a religião interna. O protestantismo revelou a questão - combater o sacerdote - mas não deu a resposta certa. A luta contra o "padre exterior" foi ganha. Agora é preciso iniciar a luta contra o "padre de dentro". A guerra dos camponeses quebrou-se contra o muro da nova teologia protestante. Agora, no século XIX, ocorreu a destruição dos símbolos dogmáticos na geração de Strauss, Bauer, Feuerbach e Marx. Neste sentido, o marxismo é o produto final de um dos ramos do protestantismo liberal alemão.

3.4. Emancipação e alienação.

"Toda a emancipação é redução do mundo humano, das relações, ao próprio homem". A emancipação religiosa liquidará a consciência imaginadora de deuses. A emancipação politica converterá o indivíduo em cidadão. O homem individual ficará emancipado quando se tornar um ser com essência genérica (Gattungswesen ); quando reconhecer as suas forças como forças sociais e quando não mais separar a força social da política. A ultrapassagem do Estado é uma questão de tempo, cuja estrutura se assemelha à ultrapassagem da religião:"A constituição política foi até agora a esfera religiosa, a religião da vida popular... o céu da generalidade em oposição à existência terrena...A vida política é a escolástica da vida popular.

A alienação é o passado, a emancipação o futuro. O homem auto-alienado perde-se no além religioso, político, social, etc. O cerne da filosofia marxiana da história consiste em prever o fim das vicissitudes nas relações entre homem e natureza. O processo histórico comporta a origem animal do homem, as fases do processo de produção em que participa, a fase de auto-alienação e as possibilidades de emancipação revolucionária.

Os pressupostos reais da história crítica são os indivíduos reais, as suas acções e as condições materiais de vida. O homem distingue-se dos animais ao produzir os meios de vida(Lebensweise) desde a reprodução sexual e a divisão de trabalho ao nível familiar, até ao nível local, tribal e mercado mundial. O desenvolvimento das ideias é paralelo na política, direito, moral, religião e metafísica, A consciência é só ser consciente (bewußstes Sein). As ideologias são produto do processo material. Não possuem história própria. A história crítica deverá substituir a filosofia.

O processo material de produção é a substância irredutível da história. O trabalho humano é alienado pela especialização decorrente dos conflitos inerentes à divisão de trabalho nas condições da produção industrial para um mercado mundial. A consolidação do nosso produto em sachliche Gewalt é um notável factor de evolução. O trabalho não produz apenas mercadorias; produz também o trabalhador como mercadoria. O trabalhador torna-se servo do seu objecto, nega-se a si próprio no seu trabalho. É apenas um meio de satisfazer necessidades exteriores ao seu trabalho. O trabalhador poderá sentir-se livre no desempenho das funções animais de comer, beber, procriar, alojar e ornamentar-se. Mas na função especificamente humana, permanece um animal. Na abstracção que o separa da esfera de acção humana, torna-se tierisch. Só a ciência e a beleza podem conferir forma ao que o homem produz. A actividade produtiva que distingue e vida humana é degradada ao nível de meio de ganhar a vida. A existência livre torna-se meio para existência física. Esta alienação da produtividade humana é inerente à divisão de trabalho e não se resolve por aumentos salariais que nada mais são do que formas de melhorar a sorte de escravos; não conferem maior dignidade nem destino ao trabalhador. Proudhon pede a igualdade de rendimentos: mas isso apenas tornaria a sociedade em capitalismo para todos e não só para alguns. Nenhuma organização social consegue controlar as condições de existência em sociedade.

Estas considerações provam que Marx não estava particularmente impressionado pela miséria dos trabalhadores. A reforma social não era um remédio para o mal que tinha em mente.

O mal é o crescimento da estrutura económica da sociedade moderna até se tornar em poder objectivo ao qual o homem se submete completamente. Entre esses males contam-se:1) Separação entre operário e instrumentos. 2) Dependência do emprego face às empresas; 3) A divisão do trabalho tal como é praticada é um insulto à dignidade humana; 4) A especialização, para aumentar a produtividade destrói a qualidade do produtor 5) A interdependência económica gera acções fora do controle humano e social.

3.5. O homem socialista.

Que espera Marx da revolução comunista ?
Por estranho que pareça, as características do futuro homem socialista estão estreitamente relacionadas com o sistema industrial de produção.
Marx queria reter o sistema industrial e abolir a especialização humana.
O novo homem deveria ser um dia poeta, noutro dia operário, depois pescador, etc.
Ser tudo de todas as maneiras sem ter de ser nada. (Ideologia Alemã, p.22)
A revolução é necessária para que o homem ganhe auto-determinação (Selbstbetätigung ) e assegure a sua existência. Consistirá na apropriação da totalidade das forças produtivas e terá carácter universal. O proletário é o instrumento ideal desta revolução. Como não está limitado (borniert ) por um tipo especial de propriedade, pode subsumir a propriedade em todos. A associação universal de proletários à escala mundial pode quebrar o poder da estrutura actual económica e desenvolver a energia e carácter necessários para a revolução. Depois o trabalho será transformado em auto-realização. A comunidade ultrapassará a divisão de trabalho e cada um poderá subsumir as forças produtivas e desenvolver plenamente as faculdades humanas.

O indivíduo total, ou o homem socialista, é o objectivo da história. A libertação da propriedade seria o último acto deste drama. Só é independente o ser que se sustenta pelos seus próprios pés, que só deve a existência a si próprio, que cria a sua própria vida. E embora a ideia de criação esteja enraizada na mente humana, o ser-por-si da natureza vai contra todas as experiências tangíveis (Handgreiftlichkeiten ) da vida prática. Onde começa a grande corrente de ser ? Marx proibe essa pergunta! Tais abstracções não têm sentido. O homem que não pôe questões é o homem socialista.


[Nota: Marx nunca soube como seria uma sociedade comunista, como foi dito no início deste texto por Voegelin - "Em vez de fazer uma teoria do estado comunista Marx fez O Capital. No seu último escrito, "Crítica ao Programa de Ghota", Marx acusa o seu desconhecimento de como seria a sociedade comunista ao dizer: "Como será a sociedade comunista isto é uma tarefa para a ciência descobrir, a única coisa que sei é que depois da revolução existirá a ditadura do proletariado.".]


3.6. Comunismo em bruto e comunismo verdadeiro

A essencialidade (Wesenhaftigkeit ) do homem na natureza torna a busca de uma essência além da natureza como inessencialidade (Unwesentlichkeit ) do ser alienante divino. Deixará de ser preciso o ateismo como negação de Deus enquanto condição de posicionamento da existência do homem. O socialismo é a auto-consciência positiva da realidade humana sem a mediação da negação religiosa. (Manuscritos 1844, 3, pp.125 e ss.) O comunismo é uma contra-ideia que visa ultrapassar um estado histórico; não é uma reforma institucional; é uma mudança na natureza do homem.

O comunismo em bruto (roher Kommunismus) pretende a propriedade privada geral e o nivelamento social. É movido pela inveja e é uma manifestação de selvajeria, Niedertracht , na comunização dos bens e das mulheres. O socialismo ou verdadeiro comunismo,wahre Kommunismus, Sozialismus, é o regresso do homem a si mesmo como ser social. É um naturalismo humanístico com a solução do conflito entre o homem e a natureza (Ms. 1844 pp.114-116).

3.7. Manifesto Comunista. Dezembro de 1846 - Janeiro 1848.

O Manifesto realiza a naturalização do homem e a humanização da natureza. Como documento de propaganda, nada acrescenta às ideias já expostas. Mas é uma obra-prima de retórica. No preâmbulo, o autor fixa a escala do seu pronunciamento. Trata-se um processo mundial, de um espectro que paira sobre a Europa. Este reconhecimento obriga o novo mundo dos comunistas a clarificarem as suas oposições ao velho mundo reaccionário. A primeira secção desenvolve a perspectiva histórica do comunismo. A história é luta de classes. A visão da sociedade moderna é ainda mais simplista e maniqueista, pois refere apenas a burguesia e o proletariado. A burguesia nasceu dos servos da Idade Média para conquistar o mundo. O seu papel revolucionário na história foi destruir as idílicas relações patriarcais e feudais. Fez milagres maiores que as catedrais, pirâmides e aquedutos; criou a produção cosmopolita, a interdependência das nações, a literatura mundial, fez o campo depender da cidade, o bárbaro do civilizado, o Oriental do Ocidental. Marx louva a burguesia em termos que jamais burguês algum utilizou, fazendo recordar o orgulho absurdo de Condorcet. O esplendor da burguesia é, porém, transitório porque será ela substituida pelo proletariado em várias fases da luta. No começo, há apenas indivíduos que lutam contra a opressão local. Com a indústria, a opressão generaliza-se. As associações de operários terão vitórias e derrotas. A proletarização crescente da sociedade lança grupos educados no proletariado. Surgem os renegados de classe devido à desintegração social. Os burgueses ideólogos juntam-se aos operários, com o que se atinge a época de Marx e Engels.

A segunda secção do Manifesto lida com a relação entre proletários e comunistas. Aqui surgem ideias novas sobre a condução do processo político.

Os comunistas não são um partido em oposição a outros partidos operários mas representam o todo. É o dogma fundamental do partido comunista. Não têm que estabelecer princípios próprios distintos do movimento proletário. O que os distingue não é um programa próprio mas o nível universal da sua prática. É a chamada fórmula da vanguarda: os comunistas são a secção mais resoluta dos trabalhadores; são seus objectivos formar o proletariado em classe, derrubar a burguesia, conquistar o poder político. O resto da secção lida com a exposição e defesa dos objectivos finais do comunismo. As ideias comunistas não resultam deste ou daquele reformador (Weltbesserer ). São a expressão das relações actuais de poder na luta de classes. As teses comunistas não são pedidos programáticos para mudar a situação; pelo contrário, revelam a situação e sugerem tendências inerentes ao processo, até se conseguir a sua realização plena. Os comunistas querem abolir propriedade privada. E então ? Quase ninguém a possui ! E se os capitalistas a perderem será expropriação ? Não, porque o capital é poder social, resulta da actividade comum. Se o capital fôr convertido em propriedade social apenas perde o seu carácter de classe. O que os adversários chamam expropriação apenas transforma a situação actual em princípio de ordem pública. O mesmo tipo de argumento é depois aplicado às críticas contra a abolição do casamento burguês, nacionalidade, religião e verdades eternas.

As teses do comunismo elevam a marcha da história à consciência. Fornecem a intuição da ordem que está por vir. Condorcet está presente nesta ideia de um directório que conduz a humanidade, na marcha para o reino da liberdade. Como a história não marcha por si, o directório irá dar uma "mãozinha": a arma é o proletariado como classe extra-social, sem propriedade nem nacionalidade.

A conquista do poder será um processo prolongado. Primeiro, a ditadura do proletariado; é preciso centralizar os instrumentos de produção, descapitalizar a burguesia, organizar a classe proletária, aumentar a produção. Através de intervenções despóticas na propriedade, o poder público perderá o seu carácter político por deixar de ser instrumento de classe. Virá então a livre associação em que a liberdade de cada um é condição para liberdade do outro. O Manifesto termina com o célebre apelo, "Proletários nada tendes as perder senão as cadeias. Uni-vos"

3.8. Táticas.

Em 1850, no Discurso à Liga Comunista, Marx indicara que o principal problema não era a conquista imediata do poder mas a aliança com os grupos democráticos que o tinham alcançado, até que fosse possível traí-los após vitória futura. É a situação da Frente Popular, depois repetida em 1930 e no pós-guerra. É interesse dos comunistas fazerem a revolução permanente para que a pequena burguesia não fique contente com ganhos iniciais. Os comunistas não estão interessados em mudanças na propriedade privada mas na sua abolição; não lhes interessam reformas da sociedade velha, mas a sua liquidação. Todos os meios serão bons para manter a excitação das massas; promessas ao proletariado e ameaças à burguesia; a violência de massas deve ser organizada:"Os pedidos dos trabalhadores devem ser sempre guiados pelas concessões e medidas dos democratas".

3.9. Conclusão

Na raiz da ideia marxiana está uma doença espiritual, a revolta gnóstica de quem se fecha à realidade transcendente.
A incapacidade espiritual aliada à vontade mundana de poder provoca o misticismo revolucionário.
A proibição das questões metafísicas acerca do fundamento do ser; "Será possível negar Deus e manter a razão ?" destrói a ordem da alma.
Mas a par desta impotência espiritual há a vitalidade de um intelecto que desenvolve uma especulação fechada.
As Teses sobre Feuerbach mostram que o homem marxiano não quer ser uma criatura. Rejeita as tensões da existência que apontam para o mistério da criação. Quer ver o mundo na perspectiva da coincidentia oppositorum, a posição de Deus.

Cria um fluxo de existência em que os opostos se transformam uns nos outros.
O mundo fechado em que os sujeitos são objectos e os objectos actividades, é talvez o melhor feitiço jamais criado por quem queria ser divino.
Temos de levar a sério este dado para compreender a força e a consistência intelectual desta revolta anti-teista.

[Nota: Exato... temos que levar a sério essa loucura... porque ela domina de forma irracional as mentes e lhes dá uma força de destruição jamais vista na humanidade.]

Por outro lado, Marx compreendeu que o crescimento gigantesco das instituições económicas num poder de influência determinante da vida de cada pessoa, inutilizava qualquer debate acerca da liberdade humana.
É o único pensador de estatura do século XIX que tentou criar uma filosofia do trabalho humano e uma análise crítica da sociedade industrial.
A sua obra principal Das Kapital não é realmente uma teoria económica como as de Smith, Ricardo, Mill.
Está cheia de defeitos nas teorias do valor, do juro, da acumulação de capital.
É sim uma crítica da economia política, uma tentativa de revelar os supostos nos conceitos da teoria económica e assim chegar ao centro da questão, ou seja, a relação do homem com a natureza e a uma filosofia desta relação, ou seja, o trabalho. Cento e cinquenta anos após Marx é duvidoso que qualquer escola de teoria económica tenha suficientemente desenvolvido este ponto.
O diagnóstico é bom. O sistema industrial está permanentemente ameaçado por impasses, por revoluções adiadas e pela subida do nível de vida. O resultado seria o comunismo bruto. Na sua construção da história, Marx concebeu o desenvolvimento das formas económicas numa humanidade abstracta com um apêndice de ideologias. De facto, o desenvolvimento ocorre em sociedades históricas com vida espiritual.

Podemos chamar "magia" à trasladação da vontade de poder do domínio dos fenómenos para o da substância ou à tentativa de operar nesta como se fosse o domínio dos fenómenos. A tendência para estreitar o campo da experiência humana à area da razão utilitária e pragmática; a tentação de a tornar a preocupação exclusiva do homem; a tentação de a tornar socialmente preponderante por pressão económica e por violência, fazem parte de um processo cultural que visa operar a substância humana através de uma vontade planeadora pragmática. Mas o sonho de criar o super-homem que sucederá à criatura divina, a ideia do indivíduo total que se apropria das faculdades do sistema industrial, para a sua auto-actividade, são empiricamente irrealizáveis. A mudança da natureza humana através da experiência da revolução é um estéril misticismo intramundano. Compreendemo-lo melhor se compreendermos Marx.



Eric Voegelin
Carta a Carl J. Friedrich, 12 Abril 1959


"Então, há a questão da Gnose.
Você atribui a mim a 'prontidão' de classificar todo tipo de idéias como gnósticas, como se isso fosse uma esquisitice minha.
Bem, se você atribui a mim, como freqüentemente se faz, a grande descoberta do problema da Gnose moderna e sua continuidade com a antigüidade, devo rejeitar a honra e humildemente desmentir este lampejo de gênio.
Encontrei o problema pela primeira vez em Prometheus, escrito por Bathasar em 1936.
Então eu verifiquei que ele estava certo, por meio do estudo de Gnosis, escrito por Jonas em 1937, e por meio da leitura de montes de material sobre sectarismo medieval.
Para a aplicação moderna, encontrei confirmação para esta visão nas obras de Lubac.
E então eu tomei a precaução de discutir a questão detalhadamente com Puech, Quispel e Bultmann, ou seja, com as principais autoridades vivas sobre Gnose e Cristianismo.
Todos eles concordaram que esta era de fato a questão.
Resumindo: todo mundo que é alguém em questões deste gênero compartilha da minha opinião.
Evidentemente, você está certo em dizer que isso surpreende os 'profissionais'.
Mas você sabe tanto quanto eu que os 'profissionais' consistem em uma notável porcentagem de pilantras acadêmicos que embolsam salários de professor sem fazer o mínimo esforço de sequer ler os livros escritos por outras pessoas.
E quando você fala das 'conseqüências perturbadoras' com relação à classificação de personalidades contemporâneas, só posso lhe assegurar de que não são nem um pouco perturbadoras, mas sim lugar-comum, para os estudiosos que conhecem o assunto.
Novamente, estou pasmo de você, entre todas as pessoas, tomar o lado dos pilantras contra os estudiosos - e que estudiosos! - veja novamente os nomes acima."



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Robert Nozick
Por que os intelectuais são socialistas ?


Por que os intelectuais não gostam do livre mercado competitivo e querem o socialismo?
Não estamos falando de todos, estamos falando dos "forjadores de palavras", incluem poetas, romancistas, artistas, críticos literários, jornalistas e professores universitários e em geral.
Os intelectuais "forjadores de palavras" se desenvolvem bem na sociedade capitalista; nela dispõem de ampla liberdade para formular, desenvolver, propagar, ensinar e debater as suas ideias.
Devemos buscar uma explicação específica da razão pela qual os "forjadores de palavras" se opõem de maneira desproporcional ao capitalismo.
Consideremos a resposta direta que se segue: "o capitalismo é mau, injusto, imoral ou inferior aos intelectuais, aos "seres inteligentes", que se dão conta disso e, portanto, opõem-se a ele."
Essa explicação simples não tem validade para aqueles que não pensam que o capitalismo, o sistema de propriedade privada e do livre mercado seja mau, injusto, malvado ou imoral.
Creio que há algo no modelo de oposição de muitos intelectuais que indica que não se trata só de se tomar consciência da verdade sobre o capitalismo.
Porque, quando se refuta uma ou outra das suas queixas contra o capitalismo, eles apenas abandonam o tema em palta e rapidamente se lançam a outro !
No debate eles abandonam um ponto após o outro.
O que eles não abandonam é a oposição ao capitalismo !
Nem mesmo depois do desmoronamento da URSS e da queda do Muro de Berlim eles abandonaram seus elogios ao socialismo.
Fazem isso porque as oposições deles não são na realidade tais queixas, e desse modo não desaparece quando eles desaparecem !
Há uma ojeriza OCULTA contra o capitalismo.
Essa ojeriza suscita as queixas.
As queixas racionalizam a ojeriza.
Depois de alguma resistência, pode ser que se abandone uma queixa concreta e, sem voltar os olhos, se apresentarão outras tantas com a finalidade de desempenhar a mesma função: racionalizar e justificar o ódio do intelectual ao capitalismo.
Se o intelectual estivesse simplesmente reconhecendo as falhas ou os erros do capitalismo, não encontraríamos essa ojeriza !
Dai vem uma importante conclusão - a ojeriza dos intelectuais contra o capitalismo - não é social, é pessoal.
A explicação dessa oposição necessitará de uma explicação menos simples, que leve em conta a ojeriza.
É possível objetar que a explicação é simplesmente a óbvia: as pessoas inteligentes podem ter apenas uma tendência natural a olhar em seu redor e criticar o que está mal.
Mas por que, entre os inteligentes, são especialmente os "forjadores de palavras", e não todos os inteligentes, os que se inclinam para a esquerda ?
Se são os de temperamento crítico, por que os "forjadores de palavras" são normalmente tão pouco críticos dos programas “progressistas” ?
Por que deve expressar-se o ceticismo sobre a ordem estabelecida, e não sobre os planos para alternativas globais que, supõe-se, melhorarão essa ordem ?
Não, da mesma maneira que a idéia de que o capitalismo é simplesmente mau e que os intelectuais estão suficientemente preparados para se dar conta disso, a explicação de que os intelectuais são críticos e céticos por natureza não é satisfatória.
Essas “explicações” são demasiado interessadas; não encaixam com os detalhes da situação.
Devemos buscar a explicação em outro lugar.
No capitalismo, as recompensas econômicas tenderão a ser para os que satisfazem as demandas de outros expressas no mercado.
Eis ai o problema !
O mercado, por sua própria natureza, é neutro em relação ao mérito intelectual.
Se o mérito intelectual não é recompensado de forma mais elevada, isso seria por culpa, se houvesse culpa, não do mercado, mas do comprador, cujos gostos e preferências se expressam no mercado.
Se há mais gente disposta a pagar para ver Angelina Jolie do que para assistir as conferências de intelectuais, ou ler seus escritos, isso não implica em uma imperfeição do mercado.
Por que o intelectual culpa o sistema de marcado mais que o público ?
Incomoda-lhe um sistema que traça seu caminho em direção ao êxito passando pelos gostos do público, um público menos aguçado, instruído e refinado que ele, um público que é intelectualmente inferior a ele.
Os empresários fracassados não culpam o sistema.
Por que os intelectuais culpam o sistema, em vez de culpar seus concidadãos insensíveis?
Dado o alto grau de liberdade que um sistema capitalista concede aos intelectuais e dado o status cômodo de que gozam os intelectuais dentro desse sistema de que culpam o sistema?
Que esperam dele?
Por que os intelectuais que lidam com as palavras pensam que são valiosíssimos, e por que pensam que a distribuição deve se fazer de acordo com o seu valor?
Essa "opinião" vem de longe, desde o começo do pensamento documentado os intelectuais nos disseram que sua atividade é valiosíssima.
Platão valorizava a faculdade racional acima do valor e dos apetites, e considerava que os filósofos deveriam governar.
Aristóteles sustentava que a contemplação intelectual é a atividade suprema.
Que fator provocou a sensação, por parte dos intelectuais, de que tem um valor superior aos demais ?
- Foi o sucesso que obtiveram na escola quando jovens.
À medida que o conhecimento livresco se tornou cada vez mais importante, ampliou-se a escolarização – ensinar aos jovens a ler e a familiarizar-se com os livros.
As escolas se converteram na principal instituição, a fora a família, para forjar as atitudes dos jovens, e quase todos que mais tarde se converteram em intelectuais passaram por uma escola - e nelas venceram !
Eram classificados acima dos outros, e se consideravam superiores a eles.
Eram engrandecidos e premiados, eram os favoritos dos professores.
Como poderiam deixar de se sentir superiores?
As escolas lhes diziam e lhes demonstravam que eram os melhores...
As escolas ensinavam o princípio da recompensa de acordo com o mérito (intelectual).
Ao intelectualmente meritório se dirigiam os elogios, os sorrisos dos professores e as notas mais altas.
Na moeda que ofereciam nas escolas, os mais inteligentes constituíam a classe alta. Ainda que não fizesse parte dos currículos oficiais, nas escolas os intelectuais aprendiam as lições sobre seu próprio valor superior em comparação com os demais, e de como esse valor superior lhes dava direito a maiores recompensas.
Todavia, a sociedade de mercado ensina uma lição diferente !
Na vida real as principais recompensas não são para os mais brilhantes verbalmente.
Instruídos na lição de que eles eram os mais valiosos, os que tinham maiores direitos à recompensa, como podiam os intelectuais, deixar de ficar ressentidos com a sociedade capitalista que os privava das justas retribuições a que sua "superioridade" lhes “dava direito” ?
Portanto, não é de surpreender que os sentimentos dos intelectuais com relação à sociedade capitalista, sejam uma profunda e sombria ojeriza que, embora revestida de diversas razões publicamente apropriadas, continue inclusive quando se demonstra que essas razões particulares são equivocadas !
O intelectual quer que a totalidade da sociedade seja uma extensão da escola, para que seja como o entorno que lhe foi tão bom e onde ele foi tão apreciado !
O sistema escolar cria, portanto, um sentimento anticapitalista entre os intelectuais da palavra.

O livre mercado inclui outro sistema social de aspecto informal, as recompensas se distribuem não por parte da autoridade central, mas de maneira espontânea, ao prazer e capricho dos companheiros.
Aqui os intelectuais se dão menos bem !
Não surpreende, portanto, que a distribuição dos bens e recompensas por meio de um mecanismo distributivo centralizado seja mais tarde considerada pelos intelectuais como mais apropriada que a “anarquia e o caos do mercado” !
A distribuição em uma sociedade socialista planificada centralmente está para a distribuição em uma sociedade capitalista - como a distribuição por parte do professor está para a distribuição por “parte do pátio” !
As escolas são a principal sociedade alheia à família em que as crianças aprendem a se comportar, e daí que a escolarização constitua sua preparação para sociedade mais ampla não-familiar.
Não surpreende que os que vencem com as normas de um sistema escolar se queixem de uma sociedade que se atém a normas diferentes e que não lhes assegura o mesmo êxito.
O que acontece é que o sistema escolar valoriza e premia somente algumas das destrezas válidas para o êxito posterior (é, afinal, uma instituição especializada), razão pela qual o seu sistema de recompensas será diferente do sistema próprio da sociedade em geral.
Isso garante que alguns, ao passar à sociedade mais ampla, experimentarão um deslocamento social descendente, junto com as correspondentes consequências.
Agora vemos como o ressentimento devido a um senso do direito frustrado deriva do fato de que as escolas (na qualidade de sistema social extrafamiliar) não constituem uma condensação da sociedade.
Apesar da expectativa criada na escola, uma sociedade capitalista premia as pessoas na medida em que estas satisfazem os desejos alheios, expressos através do mercado - recompensa de acordo com a contribuição para a sociedade, não de acordo como o conteúdo intelectual.
As sociedades capitalistas premiam o sucesso individual e desse modo deixam o intelectual, que se considera boníssimo, especialmente amargo.
Podemos prever que quanto mais meritocrático for o sistema escolar de um país, maiores as possibilidades de que seus intelectuais sejam de esquerda (tenham em mente o caso da França).
Poderíamos prever também que quanto mais uma sociedade se move em direção à igualdade entre as mulheres e os homens, maior será a tendência de suas intelectuais (mulheres intelectuais) ao mesmo anticapitalismo desproporcional que mostram seus intelectuais masculinos.

Esta ojeriza dos intelectuais é um problema grave, pois, por mais importante que seja o conhecimento, nenhuma sociedade verdadeiramente livre premiará os indivíduos na vida real devido as suas habilidades escolares mais altas quando jovens.
Se os inteligentes têm direito a algo que o mercado não lhes dá, esse algo é estritamente o reconhecimento de que eles possuem conhecimento acomulado (vindo de terceiros) – nada mais.
Os intelectuais não têm direito a outras recompensas da sociedade apenas por serem intelectuais.



Comentário do autor do blog:

Porém, constatamos, que mesmo entre os "forjadores de palavras", encontramos aqueles que não se deixam dominar pela ojeriza contra o capitalismo.
Dentre muitos, podemos citar Nietzsche, que ficou fora disso e em seus escritos reduziu o socialismo a miséria existencial que ele é.

Qual seria a causa ?
Onde mais encontramos essa mesma ojeriza em seres humanos ?
Encontramos essa ojeriza, ou essa busca por "culpados", nas pessoas que não conseguem subir na vida, que acham que tem capacidades, mas, não conseguem sucesso, permanecem por toda vida no ostracismo, se tornam revoltados e culpam o sistema capitalista por suas desventuras.

Devido a isso, na minha opinião, os intelectuais que se deixam dominar pela ojeriza, alem do fator "escola", também possuem o fator "falta de capacidade real", tais intelectuais não conseguem ser originais (os que conseguem não vão ter a ojeriza, salvo exceções), seus arcabouços intelectuais são de outros, com isso, apesar de sua "vasta cultura" eles não conseguem reconhecimento porque não trazem nada de novo para a sociedade.
Em síntese, a ojeriza contra o sistema de mercado livre aparece em todos aqueles que, por algum motivo se acham capacitados, porém, não obtêm sucesso na vida real.
Mas, eu vejo ainda mais uma coisa, tais intelectuais, são "seguidores", são os "camaradas".
O socialista ideólogo, como Karl Marx, este é movido por um outro ingrediente muito mais forte!
O pensador que descobriu a "causa" disso foi Eric Voegelin, ele nos diz - "não querem ser criaturas, querem ver o mundo com a perspectiva de deus.".
A maior prova disso é o último parágrafo das "Teses contra Feuerbach" de Marx, onde ele diz que o importante é "transformar o mundo", e não apenas descreve-lo como "os filósofos" fizeram até aquela data.


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Friedrich Nietzsche

Nietzsche e o “homem teórico”

Socrates iniciou a época da razão e do homem teórico, em contraste com o místico de toda a tradição antiga da época da tragédia.
A tragédia grega tinha o saber místico que une a vida e a morte para a compreensão do mundo.
Porém para Sócrates, a tragédia desvia o homem do caminho da verdade: "uma obra só é bela se obedecer à razão".
Esse ideal concebido por Sócrates seria o verdadeiro mundo, alem do mundo aparente, inacessível ao conhecimento.
Isso originou uma oposição entre Sócrates e Dionisio:

"enquanto em todos os homens produtivos o instinto é uma força afirmativa e criadora, e a consciência uma força crítica e negativa, em Sócrates o instinto torna-se crítico e a consciência criadora".
disse Nietzsche.

Essa “inversão” terá seguidores no futuro...
Com Socrates, e depois Platão, o homem se afasta cada vez mais do conhecimento antigo e abandona a tragédia - a verdadeira natureza da realidade !
Até, infelizmente, chegar ao marxismo, que ignora a realidade por completo."

Palavras de Nietzsche em seu livro "Humano, demasiado humano":

"O socialismo é o fantasioso irmão mais jovem do quase decrépito despotismo, do qual quer herdar; suas aspirações, são, portanto, no sentido mais profundo, reacionárias.
Pois ele deseja uma plenitude de poder estatal como só a teve alguma vez o despotismo, e até mesmo supera todo o passado por aspirar ao aniquilamento formal do indivíduo: o qual lhe aparece como um injustificado luxo da natureza e deve ser transformado e melhorado por ele em um órgão da comunidade adequado a seus fins.
Em virtude de seu parentesco, ele aparece sempre na proximidade de todos os excessivos desdobramentos de potência, como o antigo socialista típico, Platão, na corte do tirano siciliano: ele deseja (e propicia sob certas cirscunstâncias) o Estado ditatorial cesáreo deste século, porque, como foi dito, quer ser seu herdeiro.
Mas mesmo essa herança não bastaria para seus fins, ele precisa de mais servil submissão de todos os cidadãos ao Estado incondicionado como nunca existiu algo igual; e como nem sequer pode contar mais com a antiga piedade religiosa para com o Estado, mas antes, sem querer, tem de trabalhar constantemente por sua eliminação – a saber, porque trabalha pela eliminação de todos os Estados vigentes -, só pode ter esperança de existência, aqui e ali, por tempos curtos, através do extremo terrorismo.
Por isso prepara-se em surdina para dominar pelo pavor e inculca nas massas semicultas a palavra ‘justiça’ como um prego na cabeça, para despojá-las totalmente de seu entendimento (depois que esse entendimento já sofreu muito através da semicultura) e criar nelas, para o mau jogo que devem jogar, uma boa consciência.
O socialismo pode servir para ensinar, bem brutal e impositivamente, o perigo de todos os acúmulos de poder estatal e, nessa medida, infundir desconfiança diante do próprio Estado.
Quando sua voz rouca se junta ao grito de guerra ‘o máximo possível de Estado’, este, em um primeiro momento, se torna mais ruidoso que nunca.
Porém logo irrompe também o oposto, com força ainda maior: ‘o mínimo possível de Estado’.

"Os perigosos entre os subversivos.
- Podemos dividir os que pretendem uma subversão da sociedade entre aqueles que desejam alcançar algo para si e aqueles que o desejam para seus filhos e netos.
Esses últimos são os mais perigosos; porque têm a fé e a boa consciência do desinteresse.
Os demais podem ser contentados com um osso: a sociedade dominante é rica e inteligente o bastante para isso.
O perigo começa quando os objetivos se tornam impessoais; os revolucionários movidos por interesse impessoal podem considerar todos os defensores da ordem vigente como pessoalmente interessados, sentindo-se então superiores a eles."

"Uma ilusão na doutrina da subversão.
Há visionários políticos e sociais que com eloquência e fogosidade pedem a subversão de toda ordem, na crença de que logo em seguida o mais altivo templo da bela humanidade se erguerá por si só.
Nestes sonhos perigosos ainda ecoa a superstição de Rousseau, que acreditava numa miraculosa, primordial, mas, digamos, soterrada bondade da natureza humana, e que culpa por esse soterramento as instituições da cultura, na forma de sociedade, Estado, educação.
Infelizmente aprendemos, com a história, que toda subversão desse tipo traz a ressurreição das mais selvagens energias, dos terrores e excessos das mais remotas épocas, há muito tempo sepultados: e que, portanto, uma subversão pode ser fonte de energia numa humanidade cansada, mas nunca é organizadora, arquiteta, artista, aperfeiçoadora da natureza humana.
- Não foi a natureza moderada de Voltaire, com seu pendor a ordenar, purificar e modificar, mas sim as apaixonadas tolices e meias verdades de Rousseau que despertaram o espírito otimista da Revolução, contra o qual eu grito: "Ecrasez l'infâme [Esmaguem o infame]!.
Graças a ele o espírito do Iluminismo e da progressiva evolução foi por muito tempo afugentado: vejamos - cada qual dentro de si - se é possível chamá-lo de volta!"


Comentário do autor do blog:

Dentre os diversos aspectos do pensamento evoluído de Nietzsche, ele identificou, da mesma forma que Freud identificou, que os socialistas vivem uma ilusão.
E Freud, usando seus avançados conhecimentos de medicina e psiquiatria, classificou essa ilusão como sendo uma neurose, uma doença mental.



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Sigmund Freud

Freud comentando a doutrinação cultural nas escolas e o comunismo

Introdução do autor do blog.

É quase um consenso a convicção que as idéias do "marxismo cultural" que tomaram conta das atitudes de grande parte de pessoas da humanidade na atualidade surgiram a partir do "Cadernos do Cárcere", 1929, de Antonio Gramsci, entretanto, ao lermos o livro "O futuro de uma ilusão" de Sigmund Freud, de 1927, nos deparamos com um texto em que o autor analisa e coloca sua opinião a respeito da intenção coerciva cultural já existente em 1927 e que é apregoada como solução para os problemas da humanidade!
Ao ler as abalizadas palavras de Freud tomamos conhecimento de que a idéia de 'mudar a cabeça" do povo para com isso melhorar a vida da humanidade já existia em 1927 e foi perfeitamente descrita por Freud em seu texto!
A partir disso chegamos a conclusão que as estratégias do "marxismo cultural" podem ter sido sistematizadas por Gramsci, mas, as idéias que o moveram já existiam muito antes dele.

A seguir coloco o texto de Freud:

"Dir-se-á que a característica das massas humanas aqui retratada, a qual se supõem provar que a coerção não pode ser dispensada no trabalho da civilização, constitui, ela própria, apenas o resultado de defeitos nos regulamentos culturais, falhas devido às quais os homens se tornaram amargurados, vingativos e inacessíveis.
Gerações novas, que forem educadas com bondade, ensinadas a ter uma opinião elevada da razão, e que experimentarem os benefícios da civilização numa idade precoce, terão atitude diferente para com ela.
Senti-la-ão como posse sua e estarão prontas, em seu benefício, a efetuar os sacrifícios referentes ao trabalho e à satisfação instintual que forem necessários para sua preservação.
Estarão aptas a fazê-lo sem coerção e pouco diferirão de seus líderes.
Se até agora nenhuma cultura produziu massas humanas de tal qualidade, isso se deve ao fato de nenhuma cultura haver ainda imaginado regulamentos que assim influenciem os homens, particularmente a partir da infância.
Pode-se duvidar de que seja de algum modo possível, pelo menos até agora, no presente estágio de nosso controle sobre a natureza, estabelecer regulamentos culturais desse tipo.
Pode-se perguntar de onde virão esses líderes superiores, inabaláveis e desinteressados, que deverão atuar como educadores das gerações futuras, e talvez seja alarmante pensar na imensa quantidade de coerção que inevitavelmente será exigida antes que tais intenções possam ser postas em prática?
A grandiosidade do plano e sua importância para o futuro da civilização humana não podem ser discutidas.
É algo firmemente baseado na descoberta psicológica segundo a qual o homem se acha aparelhado com as mais variadas disposições instintivas, cujo curso definitivo é determinado pelas experiências da primeira infância.
Mas, pela mesma razão, as limitações da capacidade de educação do homem estabelecem limites à efetividade de uma transformação desse tipo em sua cultura.
Pode-se perguntar se, e em que grau, seria possível a um ambiente cultural diferente passar sem as duas características das massas humanas que tornam tão difícil a orientação dos assuntos humanos? ]1]
A experiência ainda não foi feita. [2]
Provavelmente uma certa percentagem da humanidade (devido a uma disposição patológica ou a um excesso de força instintual) permanecerá sempre associal; se, porém, fosse viável simplesmente reduzir a uma minoria a maioria que hoje é hostil à civilização, já muito teria sido realizado - talvez tudo o que pode ser realizado."


A opinião de Freud sobre o comunismo

Introdução do autor do blog.

Em seu livro "O mal-estar da civilização", de 1930, Freud expõe as razões que causam esse mal-estar, e em certo trecho do texto ele se refere ao comunismo, e nele comenta a pretensão alardeada pelos comunistas de que eles tem a solução para os problemas da humanidade.
Colocamos a seguir a opinião de Freud sobre o comunismo:

"Os comunistas acreditam ter descoberto o caminho para nos livrar de nossos males.
Segundo eles, o homem é inteiramente bom e bem disposto para como seu próximo, mas a instituição da propriedade privada corrompeu-lhe a natureza.
A propriedade da riqueza privada confere poder ao indivíduo e, com ele, a tentação de maltratar o próximo, ao passo que o homem excluído da posse está fadado a se rebelar hostilmente contra seu opressor.
Se a propriedade privada fosse abolida, possuída em comum toda a riqueza e permitida a todos a partilha de sua fruição, a má vontade e a hostilidade desapareceriam entre os homens.
Como as necessidades de todos seriam satisfeitas, ninguém teria razão alguma para encarar o outro como inimigo; todos, de boa vontade, empreenderiam o trabalho que se fizesse necessário.
Não estou interessado em nenhuma crítica econômica do sistema comunista; não posso investigar se a abolição da propriedade privada é conveniente ou vantajosa.
Mas sou capaz de reconhecer que as premissas psicológicas em que o sistema [comunista] se baseia são uma ilusão insustentável.
Abolindo a propriedade privada, privamos o gosto humano pela agressão de um de seus instrumentos, decerto forte, embora não o mais forte; de maneira alguma, porém, alteramos as diferenças em poder e influência que são mal empregadas pela agressividade, nem tampouco alteramos nada em sua natureza.
A agressividade não foi criada pela propriedade.
Reinou [a agressividade] quase sem limites nos tempos primitivos, quando a propriedade ainda era muito escassa, e já se apresenta no quarto das crianças, quase antes que a propriedade tenha abandonado sua forma anal e primária; constitui a base de toda relação de afeto e amor entre pessoas ( com a única exceção, talvez, do relacionamento da mãe com seu filho homem).
Se eliminamos os direitos pessoais sobre a riqueza material, eles ainda permanecem, no campo dos relacionamentos sexuais, prerrogativas fadadas a se tornarem a fonte da mais intensa antipatia e da mais violenta hostilidade entre homens que, sob outros aspectos, se encontram em pé de igualdade.
Se também removermos esse fator, permitindo a liberdade completa da vida sexual, e assim abolirmos a família, célula germinal da civilização, não podemos, é verdade, prever com facilidade quais os novos caminhos que o desenvolvimento da civilização vai tomar; uma coisa, porém, podemos esperar; é que, nesse caso, essa característica indestrutível da natureza humana seguirá a civilização.
Evidentemente, não é fácil aos homens abandonar a satisfação dessa inclinação para a agressão.
Sem ela, eles não se sentem confortáveis.
A vantagem que um grupo cultural, comparativamente pequeno, oferece, concedendo a esse instinto um escoadouro sob a forma de hostilidade contra intrusos, não é nada desprezível.
É sempre possível unir um considerável número de pessoas no amor, enquanto sobrarem outras pessoas para receberem as manifestações de sua agressividade."



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O Ópio dos Intelectuais - Raymond Aron

Introdução do autor do texto.

O "O ópio dos intelectuais" é um livro lançado em 1955 pelo francês Raymond Aron (1905-1983).
Aron procura no livro respostas ao por que o marxismo estava "nà moda" numa França na qual a evolução econômica desmentiu as previsões marxistas !
Para Aron, nenhuma outra doutrina criou no homem, como o marxismo, uma "ilusão da onipotência".
A seguir colocaremos uma analise comentada do livro.

"Se a tolerância nasce da dúvida, que nos ensinem a duvidar dos modelos e utopias, a recusar as profecias da salvação, os arautos de catástrofes".

"Não existem, propriamente, novos sistemas ideológicos: o trotskismo e o freudismo-marxismo de Frankfurt remontam, o primeiro, ao princípio da década de 1930, à formação de uma seita marxista-leninista no exílio, que acusa a Igreja estabelecida de infidelidade; o segundo, à década de 1920, à conjunção de Hegel, Marx e Freud, à unidade fictícia das duas revoluções – sexual e político-social.
Os revolucionários que promoveram revoluções verdadeiras – Cromwell, Robespierre, Lênin – tinham idéias morais bem diferentes: puros, ou puritanos, não incluíam a liberação dos instintos em seu conceito de liberdade.
Mao ao que parece, também prega o domínio dos instintos, não sua lbieração. Pode ser que o freudismo-marxismo (escola de Frankfurt), adaptado à índole cubana, tenha encontrado no Caribe a sua pátria de eleição".

"Longe do marxismo ser a ciência da infelicidade operária e o comunismo a filosofia imanente do proletariado, o marxismo é uma filosofia de intelectuais que seduziu frações do proletariado e o comunismo faz uso dessa pseudociência para atingir seu fim próprio, a tomada do poder".

"não se pode considerar inseparáveis a violência e os valores da esquerda: o inverso estaria mais próximo da verdade".

"Os regimes vitimados por levantes populares ou golpes de Estado não demonstram pela sua queda vícios morais – são muitas vezes mais humanos do que os vencedores – e sim erros políticos... A revolução do tipo marxista não aconteceu porque seu próprio conceito era mítico: nem o desenvolvimento das forças produtivas nem o amadurecimento da classe operária prepararam a derrubada do capitalismo pelos trabalhadores conscientes de sua missão.
As revoluções que invocam o proletariado, como todas as revoluções do passado, assinalam a substituição violenta de uma elite por outra.
Não apresentam caráter algum que permita saudá-las como o fim da pré-história".

"O proletariado, no sentido preciso da massa operária criada pela grande indústria, não recebeu de ninguém – a não ser de um intelectual, originário da Alemanha e refugiado na Grã-Bretanha no meio do século passado (XIX) – a missão de ‘converter a história’, mas no século XX representa menos a classe imensa das vítimas do que a corte dos trabalhadores que os managers organizam e que os demagogos cercam".

"Quem pretende formular um veredito definitivo é um charlatão. Ou a História é um tribunal supremo e só pronunciará a sentença sem recurso no último dia. Ou a consciência (ou Deus) julga a História, e o futuro não tem mais autoridade do que o presente".



Os congressos de partidos socialistas são denominados por Aron como: "congressos-concílios".

"Comparáveis à Inquisição, revelam a ortodoxia, ao salientar as heresias",
"nessa religião sem alma, os oponentes tornam-se efetivamente piores do que criminosos".


"A pretensa dialética da história social resulta de uma metamorfose da realidade em idéia.
Endurece-se cada regime, atribui-se a ele um princípio único, opõe-se o princípio do capitalismo ao do feudalismo ou do socialismo.
Afinal, fala-se como se os regimes (na prática empírica) fossem contraditórios e como se a passagem de um para o outro fosse comparável à passagem de uma tese a uma antítese.
Comete-se um duplo erro.
Os regimes são diferentes e não contraditórios e as chamadas formas intermediárias são mais freqüentes e duráveis do que as formas puras".


Comentário: Essa conclusão de Aron é de suma importância teórica pois identifica e refuta a trapaça marxista dialética para descrever o desentrolar da história.

""History is again on move": esta fórmula de Toynbee, dificilmente traduzível, atende a um sentimento forte e estranho que cada um de nós experimentou em dado momento de sua vida.
Eu o experimentei na primavera de 1930, quando, ao visitar a Alemanha, assisti aos primeiros êxitos do nacional-socialismo.
Tudo estava novamente em questão: a estrutura dos Estados e o equilíbrio das forças no mundo: a imprevisibilidade do futuro pareceu-me tão evidente quanto a possibilidade de manter o status quo".

"O comunismo é uma versão aviltada da mensagem cristã. Dela retém a ambição de conquistar a natureza, de melhorar a sorte dos humildes, mas sacrifica o que foi e continua sendo a alma da aventura definitiva: a liberdade de pesquisa, a liberdade de controvérsia, a liberdade de crítica e de voto do cidadão. Submete o desenvolvimento da economia a um planejamento rigoroso e a edificação socialista a uma ortodoxia de Estado".

Raymond Aron


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Oposição ao totalitarismo
Karl Raimund Popper


Introdução do autor do blog.

Popper era judeu, na juventude ele foi socialista, mas logo tomou consciência que a teoria de que "os fins justificam os meios" do socialismo não era correto.
Popper foi filósofo da ciência e grande defensor da democracia liberal e um oponente implacável do totalitarismo.

Popper denominou "Racionalismo Crítico" a sua filosofia.
Argumentou que a teoria científica será sempre provisória.
Não se pode confirmar a veracidade de uma teoria pela simples constatação de que os resultados de uma previsão efetuada com base naquela teoria se verificaram.
Essa teoria deverá ser considerada apenas como uma teoria ainda não contrariada pelos fatos.
O que a experiência e as observações do mundo real podem e devem tentar fazer é encontrar provas da falsidade de uma teoria.
Uma teoria científica pode ser invalidada por uma única observação negativa, mas nenhuma quantidade de observações positivas poderá garantir que ela seja eterna e imutável.
O método de Popper usa duas ferramentas: a lógica e a confrontação com os fatos.

Popper debruçou-se intensamente sobre a teoria marxista e com a filosofia de Hegel a ela relacionada, aplicou a elas o seu método e retirou delas qualquer atributo científico.
Fez o mesmo com a psicanálise, cujas teorias subjacentes não são falseáveis.

Frases de Popper em entrevista dada ao Der Spiegel em 1992 e em seu livro "A Vida é Aprendizagem".

"Por que a simplicidade da linguagem é tão importante para os pensadores iluministas?
Porque o verdadeiro pensador iluminista, o verdadeiro racionalista, nunca pretende convencer ninguém a fazer nada.
Não, nem sequer deseja convencer ninguém: tem permanentemente consciência de que pode estar errado.
Acima de tudo, valoriza demasiado a independência intelectual dos outros para querer convencê-los em questões importantes.
Prefere provocar a contradição, preferivelmente sob a forma de crítica racional e disciplinada.
Não procura convencer mas despertar – desafiar os outros a formarem opiniões livres.(...)
Uma das razões porque o pensador iluminista não quer convencer ninguém de nada é o seguinte.
Ele sabe que, fora do estreito campo da lógica, e talvez da matemática, nada pode ser provado.

A paranóia comunista – e já encontramos isto em Marx – é essencialmente uma visão do denominado mundo capitalista como sendo diabólico.
Aquilo a que Marx chamava capitalismo nunca existiu na terra, nem nada que se parecesse.
A economia não pode ser reformada a partir de cima.
Hoje, o nosso objetivo principal deve ser a paz.
É muito difícil de alcançar num mundo como o nosso, em que existem Saddam Hussein e outros ditadores como ele.
Não devemos hesitar em travar guerras em prol da paz.
Podem ter existido buracos de ozono desde há milhões de anos. É possível que não tenham nada qualquer ligação com as coisas modernas.
Nem sempre os cientistas de renome têm razão. Não estou a afirmar que estejam errados – apenas que muitas vezes sabem menos do que pensam.
É absolutamente verídico ser possível que alguns problemas – a poluição do ar, por exemplo – necessitem de uma legislação específica.
Há adoradores ideológicos do denominado “mercado livre” (ao qual, obviamente, devemos muito) que pensam que tal legislação que limite a economia de mercado é um passo perigoso no caminho da escravidão.
Mas isso também é um disparate ideológico.
Creio que todos os amantes da paz e da vida civilizada deveriam trabalhar para esclarecer o mundo quanto à impraticabilidade e à desumanidade desse famoso – ou deverei dizer tristemente célebre? – “princípio da auto-determinação nacional”, que neste momento degenerou no mais puro horror do terrorismo étnico."


Karl Popper falando sobre o Positivismo:

“uma última palavra a propósito do termo “positivismo”. Eu não nego, decerto, a possibilidade de estender o termo “positivista” até que ele abranja todos os que tenham algum interesse pelas ciências naturais, de forma que venha a ser aplicado até aos adversários do positivismo, como eu próprio.
Sustento apenas que tal procedimento não é nem honesto nem apto a esclarecer o assunto.
O fato de que o rótulo “positivismo” me tenha sido aposto a priori por um erro grosseiro pode ser verificado por qualquer um que esteja em condições de ler a minha Lógica da Pesquisa Científica”

“Seria pior consignar aqui a sugestão de que quem quer que se interesse pelas ciências naturais estaria condenado como positivista, o que faria positivistas não somente Marx e Engels, mas igualmente Lênin, o homem que introduziu a equação do “positivismo” e “reação”.



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Trechos de palestras realizadas por Ludwig Von Mises


Não é fácil saber exatamente o que influenciou Marx porque ele odiava algumas pessoas e de outras tinha inveja.
.....

Marx desenvolveu o que ele pensava ser um novo sistema.
De acordo com sua interpretação materialista da história, as “forças produtivas materiais" (esta é uma tradução exata do Alemão) são as bases de tudo. Cada etapa das forças produtivas materiais corresponde a uma fase definida de relações de produção. As forças produtivas materiais determinam as relações de produção, isto é, o tipo de possessão e propriedade que existem no mundo. E as relações de produção determinam a superestrutura. Na terminologia de Marx, capitalismo ou feudalismo são relações de produção. Cada um destes foi necessariamente produzido por uma fase particular das forças produtivas materiais. Em 1859, Karl Marx disse que uma nova fase das forças produtivas materiais produziria o socialismo.
Mas o que são estas forças produtivas materiais?
Da mesma forma que Marx nunca disse o que era uma "classe", ele nunca disse exatamente o que são as "forças produtivas materiais”.
......

Marx adotou suas metáforas do campo da ginecologia.
O partido socialista é como a obstetrícia, disse Marx; ele torna a vinda do socialismo possível.
Quando questionados: “se vocês consideram todo processo inevitável, por que vocês não favorecem a evolução em vez da revolução”, os marxistas respondem,
“Não existem evoluções na vida.
O nascimento não é em si uma revolução?".
.....

Se os proletários devem pensar de acordo com os "interesses" da sua classe, o que significa então a existência de discordâncias e dissensões entre eles?
A confusão torna a situação muito difícil de explicar.
Quando há dissensão entre proletários/marxistas, eles chamam o opositor de "traidor social”.
Depois de Marx e Engels, o mais eminente homem dos comunistas foi um Alemão, Karl Kautsky [1854-1938].
Em 1917, quando Lênin tentou revolucionar o mundo inteiro, Karl Kautsky opôs-se à idéia.
E por causa desta discordância, o ex-todo-poderoso homem do partido se tornou, de repente, um "traidor social".
Ele foi chamado disto e de muitos outros nomes.
.......

O Manifesto Comunista apareceu em 1848. Naquele documento, Marx pregou a revolução; ele acreditou que a revolução estava próxima.
Ele acreditava que o socialismo seria então provocado por uma série de medidas intervencionistas e listou dez medidas intervencionistas – entre elas o imposto de renda progressivo, a abolição dos direitos de herança, reforma agrícola, etc. Estas medidas eram insustentáveis, ele disse, mas necessárias para a vinda do socialismo.
Assim, Karl Marx e Engels acreditaram em 1848, que o socialismo poderia ser atingido pelo intervencionismo.
......

Em 1888 – 40 anos depois da publicação do Manifesto Comunista – uma tradução foi feita por um escritor inglês. Engels acrescentou alguns comentários a esta tradução.
Referindo-se às dez medidas intervencionistas preconizadas no Manifesto, ele afirmou que estas medidas não eram apenas insustentáveis, como reivindicou o Manifesto, mas precisamente por serem insustentáveis é que eles necessariamente pressionariam cada vez mais em direção a ainda mais medidas deste tipo, até que finalmente estas medidas mais avançadas conduzissem ao socialismo.
......

De acordo com Marx, o capitalismo é uma etapa necessária e inevitável na história da humanidade que conduz os homens das condições primitivas para o milênio do socialismo.
Se o capitalismo é um passo necessário e inevitável no caminho para o socialismo, então não se pode reivindicar constantemente, do ponto de vista de Marx, que o que o capitalista faz é eticamente e moralmente mau.
Então, por que Marx ataca os capitalistas?


Resposta do autor do blog:
Marx ataca os capitalistas devido ao seu trauma pessoal que gerou nele um enorme ódio contra os bem sucedidos, como o próprio Mises identificou, Marx tinha ódio e inveja de muitas pessoas, em especial tinha inveja dos economistas e dos filósofos de renome.
Essse ódio traumárico Marx o adquiriu em 1837-38 quando saiu das casa paterna e foi estudar em Bonn.

Ver:
A transformação de Karl Marx

http://atransformaodemarx-sha.blogspot.com/


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